domingo, 19 de abril de 2015

We Belong Together (Oneshot - What If Grindhouse Parte 3)

Terceira parte da oneshot!


Parte 3
No outro lado da cidade, Rick Wright escrevia mais um artigo filosófico para mandar ao jornal de Londres. Sua noiva, Meg Johnson dormia tranquilamente na cama e o jovem se dedicava a escrever aqueles textos. Uns eram poemas parecidos com eddas nórdicos, outros são os artigos de jornal. Desde que sua antiga namorada e noiva, Louise, desapareceu sem mais nem menos, as coisas se complicaram para ele. Embora a amasse no fundo, ele preferia o lado obscuro da vida. A noite se divertia nas tabernas com seus amigos e se deitava com as prostitutas. Meg era uma delas e caído de amores, resolveu transforma - lá numa dama e depois sua noiva.

-- Ricky... – gritou Meg ainda no quarto. – Venha pra cama, quero você!

Ele não respondeu. Continuou a escrever até ouvir um abafado grito, mas ignorou isso. Depois de terminado o texto, o filósofo subiu as escadas e sentiu um forte cheiro de sangue vindo do quarto. Temeu um pouco isso e abrindo a porta, espantou-se por ver sua amada na cama, totalmente ensangüentada e com a garganta cortada. Rick arregalou os olhos, tamanha era seu horror vendo aquilo e correu até o corpo inerte de Meg, segurando a cabeça dela e chorando.

-- MEG!!! – Gritou desesperado e chorando. Se perguntou quem poderia ter feito isso e como conseguiu entrar no quarto dela.

De repente um arrepio foi sentido em seu corpo. Alguém estava no quarto além dele. Wright não sabia se olhava para trás ou para o lado ou simplesmente esquecia-se disso. Ouviu a madeira se quebrando ao longe e assustado, se levantou da cama e revistou o quarto. Sem sinal de alguma pessoa ali. Se convencendo que tudo aquilo é uma ilusão, Rick se virou e dá de cara com o ser perto do cadáver de Meg. Ele vestia roupas de um nobre e seus olhos reluziam a tons avermelhados.

-- QUEM É VOCÊ? – Questionou o jovem, recuando da criatura. Este por sua vez, caminhava em direção ao humano, decidido. – QUEM É VOCÊ?

-- Pra quê responder se logo servirá de alimento para ela? – Respondeu e em questão de segundos segurou a cabeça do humano e deu dois giros rápidos nele, quebrando o pescoço.

Rick não teve tempo de reagir e sem vida, tombou ao chão. Segurando uma faca, o ser rasga a garganta dele, coletando todo o sangue da vítima em mais uma garrafa. Minutos depois, estava saindo de casa quando teve uma grande idéia. E envolvia os cadáveres...

-- Ela está assim há mais de uma semana, senhor. – Comentou Sepp, enquanto seguia o conde na caçada.

-- Louise fez sua escolha... e tem suas conseqüências.

-- Mas, ela não merece isso. Já nos deu certeza de que não ter sido ela que arrastou Alice para morte. Eu imploro, senhor. Vamos alimenta- lá.

Franz não costumava reagir a piedade dos inimigos ou até mesmo de seus aliados contudo, Louise não mereceu a acusação e queria preservar a vampira em beneficio a Gerd.

-- Está bem. Quando voltarmos ao castelo, leve um pouco de sangue para Louise.

Sepp concordou e seguiram juntos ao ataque numa taberna.

Chegando ao castelo, Gerd subiu rapidamente as escadas e abriu a porta do quarto de Louise. Viu o estado deplorável dela. Cabelo louro antes ondulado, agora desgrenhado. Os olhos não continham aquela aura reluzente, pareciam sem vida. A boca ressecada e a pele muito mais branca. Acima de tudo, ela gemia demais por conta da fome e dor. Foi torturante para o vampiro ver sua amada assim. Ele deixa as garrafas na mesa e pegando um copo, serviu com o liquido vermelho e ofereceu a Louise, que sentiu o cheiro característico do sangue.

-- De quem é esse sangue? – Perguntou com a voz quase falhando e se levantando.

-- Não interessa. – Respondeu Gerd, indiferente. – Apenas beba, por favor.

-- Mas...

-- Beba logo!

Ficou um pouco relutante no inicio. Porém, a vontade de sangue é enorme e a considerar o tempo de abstinência, obedeceu àquela ordem e pegou das mãos dele o copo e bebeu sem parar, não deixando uma gota sequer. Experimentar o sangue mais uma vez reviveu as energias da vampira e encarando o rosto de Gerd, estendeu o copo a ele.

-- Quero mais! – Pediu, satisfeita.

Em poucos minutos Louise esgotou a primeira garrafa de sangue e voltou a se deitar, se sentindo recuperada. Por ela, já poderia sair e caçar mais um humano. Seguindo as recomendações de Gerd, ela permaneceu na cama, sorrindo e olhando para o teto. Ele também deitou na cama, ao lado dela e segurando sua mão. Por breves momentos se olharam e Louise acaba aninhando-se nos braços do vampiro e sussurrou.

-- Eu não matei Alice.

-- Sei disso. – Disse Gerd, fazendo carinho no cabelo dela que em seguida dormiu.

Na noite seguinte, ela retornou as suas atividades noturnas. Tomou banho, vestiu sua melhor roupa e penteou o cabelo. No jantar, ela se alimentou bem. Percebendo isso, o conde chama a vampira para uma conversa no escritório e ao entrar, viu também Gerd.

-- O que está acontecendo? – Questionou.

-- Só quero me certificar de algo. – Franz se sentou na poltrona e ficou mexendo nos papéis na mesa e em seguida fitou os dois vampiros. – Acho que está bem claro para mim e para vocês dois sobre muitas coisas.

-- Sobre o que estamos falando? – Louise ainda não compreendeu.

Franz se levanta e aproximando-se da vampira, tocou as mãos dela.

-- Não é a mim que você quer. E não é Alice que Gerd deseja. Estou dando permissão a vocês ficarem juntos.

-- Está falando sério? – Agora é Gerd que não acreditava nas palavras ditas do conde.

-- Sim. Estão livres para se unirem. Vivam juntos. Agora se me derem licença, tenho assuntos inacabados para antes do amanhecer!

Terminando a conversa, o conde se retira do escritório, deixando o novo casal a sós, um pouco consternados e tímidos.  Depois disso, Louise perdeu a vontade de sair e seguiu para o quarto, pensativa. Não queria que as coisas terminassem assim. E se Gerd ainda preferisse Alice?

Mesmo falando as indiretas amorosas, ele não correspondia e muitas vezes se afastava dela, seja por medo ou respeito à Alice. A porta se abre e Gerd entra silenciosamente. Louise percebe sua presença e o vê se sentando na beira da cama, ao lado dela e tocando sua mão delicada. Pensou em afastar aquela mão e em vez disso permitiu. Não disseram uma palavra ali, apenas o olhar era a resposta de suas dúvidas. Ele puxou o rosto da vampira e a beijou de forma calma, transpassando para a forma sensual. Louise gemeu um pouco ao sentir as mãos dele tocando o resto de seu corpo e tentando tirar sua roupa. Amedrontada, evitou o contato. Algo impossível. Quanto mais Louise tentava fugir, mais Gerd queria e muito.

-- Pare... por favor... – Louise se desvencilhava.

Cansado daquela negação da vampira, ele começou a rasgar as roupas. Louise por sua vez começou a gritar de pânico e ele a mantendo presa na cama.  O medo aumentou quando o vampiro também tirou sua roupa e deitou por cima dela, começando os movimentos e abafando os gritos com uma das mãos...

-- Até quando vai continuar com isso? – Perguntou Chris, um pouco enojado por ver o novo cadáver que Ana trabalhava.

-- Não tire minha concentração, meu irmão. – Respondeu Ana, enquanto costurava a face desfigurada do lenhador, encontrado morto perto de sua casa.

Ao que parece, ele teve a cabeça esmagada contra a parede ou madeira e completamente destruído. Após o sucesso de construir Alice, era vez dele. E achando melhor construir um noivo para ela, aquele lenhador foi um achado de sorte. Não perdeu tempo e logo começou moldá-lo.

No outro cômodo, Nora e Sepp namoravam intensamente e quando o vampiro vassalo quis morder a jugular da bruxa, foi acometido mais uma vez pelo mal estar, algo ruim que o impedia.

-- Por que não me morde logo? – Perguntava Nora, sem saber que aquilo é o efeito da maldição que Felicity aplicou no vampiro, por vingança.

-- N... não... posso... me perdoa... não me sinto bem. – Respondeu o vampiro, aterrorizado e em seguida desapareceu como a fumaça, deixando a amada com mais dúvidas.

Sepp correu o mais rápido que pode até chegar ao castelo. Subiu as escadas e chegando ao corredor, passou pelo quarto de Louise, ouvindo alguns ruídos abafados e vozes. Reconheceu o grito da vampira. Se aproximou mais até o conde aparecer.

-- O que pensa que está fazendo?

-- Louise precisa de ajuda! – Respondeu Sepp, disposto a ajudar a amiga.

-- Deixe-a se acertar com Gerd. Vamos conversar. – Franz seguiu até o fim do corredor e entrou em seu quarto.

Sepp entrou também e viu seu amigo olhando para o céu estrelado.

-- Outra vez sonhei com aquela moça. – Comentou Franz enquanto bebia mais sangue na taça dourada.

-- A francesa? Noiva do Barão?

-- Essa mesmo.

-- Senhor, por que não a traga aqui? Faça dela sua noiva!

-- Mas como? Ela está de compromisso com Barão. Devo respeitar isso.

Novamente ficaram em silêncio, mostrando que não há saídas para os dilemas enfrentados pelo conde. E para Sepp, o único dilema era Nora e sua vontade de morde-lá. A praga que a profetisa aplicou serviu muito bem e agora sofria deste mal.
Antes de se retirar, o vassalo ainda fala mais ao conde.

-- Se eu fosse você, aproveitava que esta moça ainda está em Munique e a trazia pra cá, antes que o Barão venha. E mais ainda por que Louise está com Gerd.

Sepp fechou a porta e deixou o conde um tanto pensativo. Seguindo para o seu quarto, viu que Gerd ia embora e aproveitando disso, foi-se ao quarto de Louise. Encontrou o quarto bagunçado e os lençóis sujos com pingos de sangue e as roupas rasgadas da jovem. Caminhou um pouco ali dentro e encontrou Louise, completamente nua, jogada no chão e cheia de marcas no corpo.

-- Oh meu deus... – Disse o servo de Franz, carregando a vampira na cama que gemia de dores.  – O que aconteceu?

-- Eu o odeio... odeio Gerd Müller! – Dizia Louise, com os olhos faiscando de fúria e mostrando os dentes. --  EU O ODEIO!!!

-- Ele... fez isso com você? – Indagou horrorizado por pensar que seu amigo tenha abusado daquela forma sua nova parceira.

Ela fez sinal com a cabeça, indicando a resposta positiva. Rapidamente pegou outro lençol e cobriu o corpo da vampira e depois preparou um banho especial. Louise se banhou com cuidado por conta do corpo inteiro doer demais. 

-- Ele é assim mesmo, tão violento? – Perguntou.

-- Olha, conheço Gerd desde a infância e juro pra você, que esse não é o jeito dele não!

Aproveitando a última meia hora antes do amanhecer, Sepp pegou os lençóis, lavando-os e deixando num pequeno varal para secar quando amanhecesse o dia.

Amanheceu na modesta casa de Ana e Felicity foi a primeira a acordar. Ajudou Nora a preparar o café ao mesmo tempo em que se lembrava de outro sonho. Desta vez não era o íncubo atormentando seu sono e sim a personificação da morte, na face de um rapaz de olhos azuis pálidos, semblante sério e usando roupas pretas.

A guerra contra o rato pode começar. Embora você amando seu vampiro, outro entrará em sua vida, causando desgraça e o seu fim...

-- Em que está pensando? – Nora arrumava a mesa enquanto sua amiga preparava o pão e as canecas.

-- Ontem à noite, depois da visita do Manuel, a morte veio me ver. Dizendo que mais um vampiro entrará em minha vida e causará meu fim.

-- Acha que é o íncubo?

-- Ele não mencionou a entidade. Entretanto... — Calou-se. Fefe sabia quem era esse vampiro. Há dias sua visão mostrava um rapaz loiro, olhos azuis serenos e boa índole. Alguém com capacidade de salvar vidas... E capacidade de renegar sua raça por outra pessoa.

De qualquer forma, Felicity procurou esquecer aqueles avisos.

Ao cair da noite, os vampiros despertam, prontos para resolver seus problemas e procurar mais uma vítima. Na sala de jantar, Franz esperava por seus amigos ao mesmo tempo bebia mais. Sepp colocava os alimentos na mesa e a primeira a aparecer foi Louise. A pobre vampira não conseguira dormir por conta do ocorrido. Mesmo assim ela foi jantar e andando a passos vagarosos, conseguiu chegar à mesa do dono do castelo e sentou-se com dificuldade, despertando curiosidade deste.

-- Está tudo bem, Louise?

-- Sim – Respondeu a vampira com sorriso amarelo, tentando disfarçar.

Sepp serviu com sopa de fígado o prato de Louise. A principio todos jantavam calmamente. Quando Gerd se juntou aos demais, sentiu o horror tomar conta. Os dedos de Louise tremiam e mal conseguia beber a taça de sangue direito.

-- Com sua licença, conde. – Se levantou e novamente seguiu ao seu quarto.

Mesmo com dor, Louise subiu rápido para o quarto e se trancou ali dentro, temendo outra noite de horrores com Gerd.

-- Ele não vai me tocar! – Disse pra si mesma e tratando de arrumar a cama.

Terminado isso, Louise ficou lendo livro quando ouviu o barulho da chave girando. Á principio achou que fosse algum dos quartos a mais do castelo e voltou a sua atenção literária. Com cuidado a porta foi aberta e ele conseguiu entrar sorrateiramente, tentando agarrar os pés dela. No momento que Louise virava mais uma página, notou o toque de uma mão fria e imediatamente saltou da cama e viu seu “noivo” com os olhos vermelhos e os caninos pontudos, pronto para possuir sua nova “noiva”. Sem pensar, ela correu até a janela e pulou para o jardim. Gerd saiu imediatamente do quarto e iniciou uma perseguição implacável.

Louise saiu em disparada e Gerd lutava para alcançar a moça, porém em velocidade, a vampira é boa.
Entre um caminho e outro, trocaram exclamações.

-- NÃO VAI ME POSSUIR! – Gritou a noiva, desviando para outra rota.

-- VOCÊ É MINHA, VOLTE AQUI! – Gerd gritou de volta sem perder atenção.

Ele quase encostou sua mão no ombro dela, quando de súbito, conseguiu escalar a árvore e seguir seu caminho... até adentrar a Ilha dos Lobisomens. Teve de parar por ali na fronteira da floresta e resmungou até derrubar uma árvore com um soco. Por mais fosse sua vontade em entrar naquela ilha, tinha de respeitar o pacto de paz dos vampiros e lobisomens.  Irritado, decidiu recuar, apenas por enquanto.

Numa das árvores, Louise observava Gerd tomando o caminho rumo ao castelo. Ao seu lado estava Richard Starkey, conhecido como Ringo para os lobisomens.

-- Não conte a ninguém que estive aqui. – Pediu a vampira, um pouco temerosa.

-- Está bem. – Concordou Ringo. O jovem lobo sempre admirou a bela vampira loira do conde e por ela faria qualquer coisa, inclusive protege - lá do marido ensandecido.

Descendo com cuidado da árvore, resolveu ir caminhando até chegar ao castelo. Devagar, foi subindo as escadas, mas sempre olhando para todas as partes. Sem sinal da presença de Gerd. Talvez tenha ido caçar ou procurar novamente Alice. Já no quarto, ela novamente tranca a porta. Viu na janela que as estrelas e a lua estavam sumindo por conta da aurora. Cansada, tirou seu vestido e sapatos. Procurou sua roupa de dormir e após se vestir, deitou na cama, tranqüila por saber que Gerd não entrará em seu quarto. Ou ao menos pensou isso...

Na penumbra, surgiu a figura do vampiro, ainda com seus olhos rubros e atentos na noiva. Deitou-se ao seu lado e sussurrou no ouvido.

-- Serás minha esta noite!

Sentindo um estranho e forte calafrio, Louise se acorda e vê o vampiro ao seu lado. Antes mesmo de sair da cama, Gerd aplica um abraço de urso nela e a arrasta para cama sob os gritos e xingamentos da noiva fugitiva. Outra vez teve seus gritos abafados e sentiu toda agressividade do amigo do conde. Aos poucos ela começou a cogitar em deixar o vampiro ali mesmo e sair procurando um marido que preste e  aceite como é.

Terminado o ato, ele adormeceu ainda por cima da noiva, que o empurrou para o lado e saiu da cama, mais enfurecida e decepcionada. Lavou o rosto na pequena bacia de água e saiu dali, indo para o quarto de hóspedes, onde fechou as cortinas para os raios de sol não atingirem seu corpo e depois deitou na cama.


Ainda aguardo por sua alma, meu anjo...

A voz do íncubo ainda ecoa na mente de Felicity. Mais uma noite com insônia provocada por ele. Pensou numa forma de se livrar daquele ser que vem toda noite para tentar corromper seu corpo, sua alma e seu coração. Impaciente, ela resolve procurar Nora.

-- Quando iremos a Hamburgo? – Perguntou Felicity.

-- Depois de amanhã. – Nora estava colhendo flores calmamente. – Logo tudo isso acabará.

-- Eu não agüento mais essas imagens, as previsões do futuro, os espíritos... Preciso terminar com esse ciclo!

-- Fica calma, tudo isso irá terminar e estará livre.

Embora tivesse certeza que Graham Bond, o feiticeiro fosse capaz de curar Felicity através do exorcismo, no fundo tem medo de que essa prática matasse sua amiga. Apenas resta saber disso no dia depois de amanhã.

No centro da cidade quatro rapazes usando roupas pretas e chapéus se encontraram no estabelecimento de compras e conversaram discretamente.

-- Tenho certeza. – Berrava o mais alto deles chamado John Cleese. – Foi um nosferatu.

-- E se fosse mesmo? Como o enfrentaremos? – Questionou o outro, magro e pálido chamado Eric Idle.

-- Ouvi dizer que estacas, crucifixos e água benta podem machucar e matar um vampiro. – Disse Terry Gilliam, com olhar de satisfação e mostrando os itens.

-- Vamos acabar com eles!! – Terry Jones bradou erguendo o copo de cerveja e seus amigos o acompanharam, decididos.

E veio mais uma noite e com ela, Louise retorna para o quarto, determinada em acabar com aquele circulo vicioso entre ela e seu novo noivo, se é que ela poderia considerar assim. E começando com a expulsão dele.

-- ACORDE! – Sacudiu. – ACORDA, DESGRAÇADO!

Ele por sua vez despertou com a insistência da vampira e se vestiu.

-- Agora saia do meu quarto e não volte mais!

-- Esqueceu que sou seu noivo? – Indaga o vampiro, um pouco irritado. – Você me pertence e deve fazer tudo que eu quero!

-- Que noivo é esse que agride sua mulher? E ainda usa o corpo dela como se fosse nada? Ouça, nunca fui tão humilhada, agredida e ainda... – Ela começou a chorar. Lembrar das duas noites anteriores é como levar chicotadas nas costas. – Você... ME USOU!!!

Ele não disse nada e permaneceu impassível diante da confissão dela. Enquanto ajeitava a roupa em si, Gerd pode ouvir mais lamentos da noiva.

-- O conde não faria isso. Embora ele nunca me tocasse. Me preservei pura pra você e para quê? Receber isso? Eu sou uma dama.

Gerd pela primeira vez se sentiu terrivelmente mal ao ouvir aquilo. Realmente errou demais com a amada. Então, o motivo da rejeição de Louise ao conde era a pureza dela? Unicamente guardada para... ele? Olhou de relance para ela, que limpava o rosto inundado de lágrimas e em seguida se dirigia a porta.

-- O que vai fazer? – Perguntou um tanto curioso.

-- Nada. Só quero que acabe. Na verdade... – Louise respirou fundo para se acalmar e depois completou. – Acabou tudo entre nós, Gerhard. Arranje outra noiva pra você!

E fechou a porta, deixando Gerd um tanto estático. Tudo que acreditou era uma mentira. Louise nunca poderia ser Alice e ela não poderia ser a vampira loira desejada. A culpa tomou conta e agora ele a perderia mais uma vez. Uma hora depois resolveu sair um pouco para caçar e pegou a trilha que o leva para a cidade, no caminho sentiu o cheiro de humanos, em quarteto. Quando deu o próximo passo, eis que surgiram quatro homens a sua frente. Todos armados com machados e estacas.

-- Acabem com ele! – John foi o primeiro a atacar, mas foi derrubado com o soco de Gerd.

Eric Idle arremessou o machado no vampiro que acaba pegando no ar e em seguida se aproxima dele e antes de aplicar um golpe no humano, um deles joga água benta em suas costas, causando ardência e enfraquecimento. Terry Jones aproveita disso e esmurra o vampiro no rosto. Gilliam usa a arma e golpeia Gerd no tórax, deixando uma marca vertical um pouco torta.
Mal conseguindo se levantar, Jones impediu do vampiro de reagir e juntando as mãos, ergueu no alto e abaixou rapidamente, provocando um grande impacto na coluna, desequilibrando o vampiro alemão.

Enquanto isso Louise estava deitada na relva, perto do rio quando sentiu um cheiro conhecido na floresta. Era do jovem lobo Christopher. Há muito tempo a vampira estava de olho no irmão da doutora russa que vive no vilarejo abandonado e sabe que é ele que carrega os cadáveres para sua irmã dissecá-los. E sem falar do pescoço dele, muito tentador para ela. Fechando os olhos, ela suspirava e arranhava o tronco da árvore, falando de forma poética.

-- Oh, Romanov... – Dizia ela em seu delírio. – Por que não és mortal em vez de lobo? Por que não preferiu o sangue em vez da fúria? Por que não escolheu a imortalidade e sim noites ferozes? Por que não me escolheu, em vez desta lobinha?

Não suportando aquele desejo, Louise se recompõe e segue procurando pelo lobo. Chris colhia mais galhos das árvores e ouviu um canto tão suave. Largou a madeira e caminhou até onde aquela música estava vindo e encontrou a bela moça de cabelos dourados e olhos tão brilhantes. Ele tentou recuar e o encanto não permitiu. Estava paralisado e um pouco entorpecido. Contudo, em seus pensamentos estava  Vivian, a lobinha ruiva por quem devotou seu amor.
Louise tocou o rosto dele e levemente encostou seus lábios nos dele.

-- Oh, Romanov, tão belo...— Em seguida finalizou com um beijo ardente.

Aos poucos ela selava o destino do lobo quando o estranho calafrio percorreu seu corpo, fazendo-a parar de beijá-lo. Concentrou sua audição apurada e logo ouviu gritos, pancadas e madeira se quebrando. A exclamação veio alta e imediatamente reconheceu ser Gerd.

-- Não vai me beijar mais? – Chris estava tão envolvido com ósculo que estranhou essa atitude.

São muitas dúvidas para ela. Procurou esquecer isso e voltou sua atenção ao belo lobo russo. Os gritos e os estampidos dos socos e chutes aplicados ecoavam na mente e veio uma imagem de Gerd, morto com uma estaca enfiada no coração e muito em breve virando cinzas, desaparecendo aos poucos.  Ela se afastou de modo brusco de Chris.

-- Eu sinto muito. Mas não dá Romanov! – Em seguida correu na direção do som emitido.

Conseguiu chegar ao local e a sensação que teve foi de coração rasgado, vendo o vampiro caído, se levantando e mais chutes e golpes sendo desferidos nele.
Rapidamente Lulu analisa qual deles é o mais fraco do bando. Era um dos ensinamentos do conde. Ataque primeiro o mais fraco do grupo, para deixar os outros atordoados.
Eric trocava socos no vampiro ao mesmo tempo bebia uma garrafa de uísque.

-- John – Gritou com uma voz completamente embriagada. – Vamos cortar a cabeça dele.

-- Ótima idéia. – Respondeu ao pegar o machado e banhou um pouco de água benta. – Segurem ele!

Gilliam e Jones agarram os braços de Gerd, completamente fraco. Arrastaram para perto de uma rocha e deixaram a cabeça pronta para o corte.

-- Se prepara, nosferatu! – John erguia o machado e poucos segundos continuou a dizer. – Isto é por Palin!

Antes do golpe final, houve um ataque relâmpago. Eric foi arrastado até o muro e em seguida veio à terrível dor do seu pescoço sendo mordido e mastigado. Gritos ecoaram na estrada e John, Gilliam e Jones estavam aterrorizados. Gerd praticamente não se movia devido à fraqueza, contudo, sentiu o forte cheiro de sangue provocado por Louise.

Gilliam largou o braço do vampiro e ao tentar se aproximar foi puxado na árvore, gritando de dor e no final tendo sua cabeça separada do corpo.

Restaram apenas dois. John e Terry Jones não sabiam bem o que fazer.

-- Apareça, monstro! – Esbraveja John Cleese. – Apareça!

Ao se virar ao lado, deparou com outra cena horrenda. Terry gritando por conta dos braços serem arrancados e depois a vampira esmagar seus olhos com os dedos. John correu longe dali para não ser pego. Algo que não deu certo. Louise o alcançou e ele retornou ao ponto inicial. Louise, armada com o machado dele, arremessa na direção do humano, que corta a cabeça dele em segundos.

Neste instante, outro homem, vestido como nobre, caminha a passos largos e fica paralisado com a imagem a sua frente. Seus amigos, mortos de todas as formas. Eric com corpo branco e a jugular mordida e mastigada. Terry Gilliam com a cabeça cortada. Jones foi mutilado e John Cleese também teve o crânio separado do corpo. Sem saber, a vampira estava atrás de si e quando tentou algo, a fascinação foi aplicada e depois sussurrou no ouvido dele.

-- Vai ser o alimento do meu marido! – Terminada a exclamação, rasgou a garganta dele com uma faca, derrubando o rapaz.

Gerd se reerguia com dificuldade e caminhou para perto da noiva. Esta, por sua vez, pega o pulso da vitima e oferece ao noivo, que morde e suga o sangue dele com vontade. Por cinco minutos, o corpo de Graham Chapman já não tinha mais sangue.

Após o momento da refeição, Louise carregou Gerd até o rio e o fez se sentar debaixo da árvore. Ele gemia de dor, mesmo abafando com a mão para não causar pena. Seria desastroso. Ela correu até o rio e pegou um pouco de água com as mãos em forma de concha e lavou o rosto dele. Rasgou a barra do vestido e molhou o pano na água, limpando os ferimentos. A cada toque dela, Gerd sentiu-se nas nuvens. As mãos dela possuem uma suavidade tranqüila e amorosa. Nada de intenções luxuriosas. Ao mesmo tempo vislumbrava o rosto dela, através do luar. Traços mais delicados, dignos de um anjo, incorporado em demônio.

Percebendo isso, Louise resolveu parar um pouco e direcionou o olhar para o rio, refletindo o esplendor noturno da lua.

-- Em que está pensando? – Questionou Gerd.

-- Não devia ter feito isso... – Respondeu sem encarar seus olhos. – Não sei o que deu em mim...

Ele sabia bem o motivo disso. Louise ainda não o perdoou por conta das duas noites de amor violenta, resultando em machucar a vampira e tirar a pureza dela da maneira mais agressiva e depravada.

-- Sabe, eu quase te deixei hoje. – Comentou e riu disso um pouco nervosa. – Mas não consegui.

-- Então não me abandone jamais. – Tocou as mãos dela, tão geladas e puxando o rosto dela para perto de si, beijando - a com ardor e ternura demonstrada.

Louise correspondeu de modo surpreendente. Muito tempo sonhou com beijo verdadeiro do vampiro e agora é correspondida. Parando o ósculo, ela toca o rosto dele com o mesmo carinho. Não é preciso dizer que ela o perdoou. E seus pensamentos anteriores de arranjar outro marido vampiro se foram. Apenas Gerhard é mais importante.

-- Me ensine a te amar, ursinha. – Sussurrou o vampiro no ouvido dela.

Devagar, ela começa a despir seu noivo e ele a ajudava a retirar as roupas dela e em seguida caminharam até o rio cristalino, se banhando, alegres e apaixonados. Brincaram um pouco de atirar água um no outro e nadaram juntos. Se beijaram mais uma vez e quando voltaram a margem, Louise pegou a faca de cabo de ouro --a mesma que ela usa em suas vítimas – e segurando a mão direita do noivo, fez um pequeno corte na palma dela.

-- Agora faça o mesmo em minha mão direita. – Entregando o objeto a ele.

Gerd fez o mesmo. Com as mãos sangrando, ela entrelaçou com a dele, misturando seu sangue com o de Gerd.

-- Neste momento, diante da lua, faço este juramento. Pertencerás a mim e a mais ninguém. Serei tua vida, tua existência, tua razão de viver e viverás por mim. Não seremos dois, mas um e único. – Recitou Louise, apertando a mão entrelaçada e ainda encarando os olhos do amado.

-- Juro também devotar todo meu amor a ti. Serei unicamente teu servo, teu companheiro, teu amigo e esposo. Lutarei, viverei e se for preciso, morrerei por ti, minha adorada esposa. E tu serás eternamente minha. – Finalizou o vampiro, alegre por selar aquele compromisso com a mulher que ama desde que eram humanos.

Entregues aos prazeres, fizeram amor calmamente sob carinhos e toques ardentes e inocentes, tornando algo mais divertido.  Do outro lado do rio, os lobisomens viam tudo que se passava ali, escondidos sob os galhos das árvores e conversando.

-- Vocês são pervertidos hein? – Mary Anne, irmã de Paul McCartney e também uma lupina, reclamava para o irmão.

-- Qual é? Não se vêem cenas assim todos os dias. – Retribuiu Paul.

-- Mas é falta de educação, sabiam? Se Bobby descobre que estamos vendo os vampiros do conde Beckenbauer fazendo amor no rio, seremos punidos. – Repreendeu Rosie.


Eles continuaram a observar tudo atentamente. Ringo se lamentava por perder outra vez a chance com a bela vampira loira e Rosie se aborrecia mais ainda por saber que coisas como essa poderiam muito bem acontecer e segundo as ordens de Bobby, ignorarem se virem um casal se amando no rio.

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