Parte 5
Plena manhã de Munique e
Johan acordara cedo para organizar a modesta clinica que ele e seu amigo, Johan
Neeskens assumiram. Como jovens médicos recém formados, decidiram iniciar suas
atividades na Alemanha.
-- O dia promete não acha?
– Neeskens carregava uma caixa de
utensílios para mesa.
-- Talvez... – Respondeu
sem muita animação. – Se aquela senhorita do trem me aparecer, aí sim digo se o
dia foi prometido ou não.
Mal terminou a resposta e
os dois recebem a visita de duas mulheres elegantes. Impressionados, deram as
boas vindas as jovens.
-- Em que posso ajudar,
senhoritas? – Cruyff não conseguia encarar direito Felicity. Sim, ele
reconheceu a bela moça no trem.
-- Vocês dois são médicos
não é? – Indagou Nora.
-- Sim. Alguma de vocês se
sente mal?
-- Sou eu. – Apresentou a
profetisa.
Imediatamente os dois
iniciaram a primeira consulta. Vestiram os jalecos e Cruyff examina Feliciity
começando pelos olhos e ouvindo o coração.
-- O que exatamente está
sentindo?
-- Desde que voltei de
Hamburgo, cerca de três dias... não me sinto bem. Meu estomago anda
embrulhado...
Deitando a paciente na
cama especial, o médico toca suavemente o ventre dela e logo percebeu do que se
tratava.
-- É normal, senhorita.
Estas carregando um filho dentro de si. Meus parabéns!
-- Um... filho? – A
considerar pelo semblante, Felicity não gostara do resultado. Agora ela
entendeu o real motivo para Graham Bond, o feiticeiro não ter feito o
exorcismo. O “bloqueio”, como ele definia, era esse.
-- O pai já sabe disso? –
Cruyff tentava sorrir diante daquele fato, no fundo teve uma ponta desagradável
de ciúmes e espantou-se. Como pode ter esse sentimento por uma mulher que só
viu uma vez.
-- Ele saberá... – Se
levantou da cama e ajeitando-se, agradeceu. – Obrigada, doutor...
-- Cruyff. Johan Cruyff.
Eu não sei seu nome, senhorita.
-- Felicity McGold.
Após a saída das jovens,
Cruyff ainda pode ver a carruagem levando Felicity. Rezou mentalmente para
reencontrar a jovem cuja delicadeza mexeu em seu coração.
Na carruagem, Nora outra
vez ficou pensando sobre o que anda acontecendo com Sepp. Por vários dias, ele
não possuía alguma atitude sobre eles e por vezes fugia quando se tratava de
levá-la para cama ou morder seu pescoço.
Ao chegar à casa de Ana,
Felicity se foi ao quarto, trancando a porta para não receber ninguém.
Deitou-se na cama e começou a chorar. Temia que seu dom fosse passado ao seu
filho, assim como aconteceu com seu avô, Rickon e anos depois ela que ostenta
aquele poder. E mais ainda por ouvir Nora se queixar sobre Sepp evita - lá a
todo o momento. Ouviu batidas na porta. Abriu dando entrada para a amiga.
-- Amiga... – Nora
percebeu que Felicity não estava bem, desde a saída na clinica e descobrir sua gravidez.
– Me conta o que houve?
-- Eu não agüento mais,
Nora. – Dizia Fefe, ainda triste, porém, um pouco irritada. – Não agüento mais
ouvir você dizendo sobre Sepp e os motivos de estar sempre te evitando!
-- É a verdade. A maldição
está acabando com ele e comigo. Não estamos conseguindo nos amar e ele nem
tenta me morder mais.
-- Ele mereceu. – Disse a
profetisa, satisfeita com efeito causado no vampiro desde aquele dia. – Matou Manuel e seus pais. Ele está pagando
pelo que fez.
-- Pagar? Como ele pôde
pagar por uma coisa que é da natureza dele? Por Deus, Felicity, às vezes você
exagera demais!
-- Já disse! Ele mereceu
isso e não me peça pra retirar!
Naquela noite a vidente
não jantou, preferindo ficar isolada no quarto. Primus levou o prato de comida
para ela, deixando sobre a mesa no quarto. Ela não comeu nada. Minutos depois o
fazendeiro aparece em sua janela, com o rosto transmitindo mais abatimento.
-- Meu amor... – Antes
mesmo de se aproximar dele, o rastreador se afasta da amada. – O que está
havendo?
-- Nora me contou sobre a
maldição aplicada em
Sepp. Fraulein , peço que retire isso nele. – Solicitou o
fazendeiro.
-- Eu não acredito! Não me
peça uma coisa dessas, Manuel! Ele o matou e o transformou nisso!
-- Sim, mas se não fosse
ele ter restituído minha vida, não teria voltado para você nesta forma e teria
permanecido morto. E alias, sua amiga nos ajudou, em todos os momentos. Por que
fazer isso com ela? Afastando o grande amor de perto dela?
Por mais as súplicas de
Manuel tivessem efeito, não foram o bastante para convencer a fraulein. Em vez
disso, foi tomada por uma fúria a ponto de jogar o prato de comida no namorado.
-- SAIA DO MEU QUARTO! –
Gritou enfurecida. – NÃO QUERO MAIS VOCÊ AQUI!
-- Mas, fraulein... –
Manuel tentava se defender.
-- SAIA AGORA! – Dizendo
isso ela arremessou um vaso de cerâmica no vampiro, que pulou fora na janela.
Decidida, resolveu sair do
quarto e ao abrir a porta, dá de cara
com os rapazes ingleses, amigos do lenhador Michael Palin. Eles estavam escorados na porta, ouvindo toda
a conversa e quando a porta foi aberta, acabaram caindo diante dos pés da
profetisa. Os caídos eram Eric Idle, Terry Jones e Graham Chapman. O restante
permaneceu em pé, só observando.
-- O que fazem na porta do
meu quarto? – Perguntou Fefe, ainda com lágrimas nos olhos e faiscando de
raiva.
-- Bem... nós... – Eric
não conseguia falar devido ao medo da moça.
-- Queríamos saber... Se
não deseja mais alguma coisa? – Terry Gilliam tentou se mostrar cordial. Ele e
Terry Jones sabiam do dom dela e aceitaram numa boa.
-- Não quero nada vindo de
ninguém! Vão dormir! – E em seguida fechou na cara dos dois e voltou para a
cama, mais fraca, decepcionada e com fome.
Manuel refugiou-se para
perto da Ilha dos Lobisomens e começou a chorar também. Queria muito poder
solucionar o problema de Nora da melhor maneira possível e isso exigia
conversar com sua amada. Não esperava aquele ataque furioso por parte dela.
Neste momento compreendeu seus motivos e ainda assim se sentiu um inútil. Talvez fosse melhor permanecer morto, pensou consigo mesmo. Porém,
o amor pela fraulein é muito mais forte.
Ou melhor, pensou que esse sentimento barraria qualquer coisa. E num ato
desesperado, saiu em busca de uma vítima. Para sua sorte, encontrou uma moça
sozinha caminhando na estrada. Jovem, loira e dotada de lindos olhos azuis e um
semblante sério, comparado com de Louise, sempre sorria para tudo. Além de bonita, ela tinha um bom corpo. E o
sangue dela devia ser uma delicia.
Rapidamente, alcançou a
moça e ficou diante dela.
-- Com licença, quero
passar. – Dizia a menina ao estranho. Não obteve uma resposta.
Ele caminhou em direção a
ela, que continuava a tentar um contato com o estranho. Nada. Notou pelos olhos
dele a coloração vermelha. Um nosferatu. Ao tentar correr, Manuel agarra pelos
braços dela e a arrasta para uma casa abandonada na estrada sob gritos de
desespero e lágrimas. Trancou a porta e jogou a moça na cama. Ela tentou fugir
e o fazendeiro novamente a puxa para perto dele.
-- Diga seu nome! – Pediu
o vampiro, em tom de ódio.
-- Não!
-- DIGA SEU NOME!
-- J... Jane.
Respondido, ele rasga as
roupas da menina e aplica um golpe no rosto dela, fazendo a cair na cama,
enfraquecida para se defender e para gritar por ajuda. Retirando os suspensórios
de sua lederhosen, livrou-se de suas roupas e deitou-se por cima de Jane,
segurando firme seu pulso e começando seu ato selvagem sexual. Jane chorava
copiosamente tamanha a dor sentida que aquele estranho lhe causava, ao mesmo
tempo não conseguia se conter de desejo. Por muitos anos ela desejava
experimentar algo relativo dos homens e nunca encontrou um que pudesse fazer
isso. Com o nosferatu não estava em seus planos. Após vários minutos de
selvageria, Jane emite um grito, não sabendo se era de sofrimento ou prazer,
fazendo ecoar por toda a floresta, incluindo na Ilha dos Lobisomens.
Segundos depois, já
recuperado, Manuel exibe seus caninos e morde o pescoço da loira, sugando cada
gota de sangue, não deixando nada além de um corpo sem vida e sangue.
Voltando ao castelo, o
fazendeiro se dá conta do erro irreparável e angustiado, novamente se derrama
em lágrimas, escondido de todos. Me
perdoa, fraulein Felicity... Rezou para a garota não ter aquela visão. Mal
sabia o rastreador, Felicity já havia visto aquela imagem em forma de profecia.
O destino de Manuel Neuer estava selado.
A dor no coração por ver
claramente em sua profecia o amado fazendeiro possuir uma vítima antes do
abate, machucou Felicity. Entristecida e com rosto banhado em lágrimas, ela resolve
sair do seu quarto e invade o de Nora. A bruxa tentava em vão namorar seu amado
vampiro e os dois são interrompidos pela presença de Fefe.
-- Minha amiga, o que
houve? – Abraçava Nora.
-- Briguei com Manuel e
ele... ele possuiu uma mulher a força. Minha visão me mostrou e ele não
escapará da morte. – Não conseguiu mais falar devido à tristeza e num dado
momento, abraçou os dois e surpreendentemente, Sepp correspondeu.
-- Me desculpem... – Fefe
se retira, deixando os dois um tanto surpresos e se questionando como ajudar a
moça.
Paul e Uli outra vez não
dormiram e desta vez com razão. Enquanto liam sobre os vampiros, Fefe abre a
porta, deixando o caçador e o padre atônitos.
-- Me desculpem, mas
preciso desabafar com alguém. – Em seguida ela abraçou Paul, que acariciava
seus cabelos meio sem jeito e mais tarde foi entregue a Uli.
-- Sei que não é uma boa
hora para confissões, padre. Mas sou uma pecadora. – Dizia Fefe.
-- Minha filha, todos
cometemos pecados e somos perdoados ao falarmos com Deus. Use a bondade em seu
coração e fale com seu Criador sobre suas angustias. Acima de tudo, reze
algumas ave-marias e padres-nossos. Sentirás bem. – Respondeu o padre, bastante
atencioso a menina.
Fefe pensou em dizer sobre
seu filho para o padre, contudo, o lado teológico do jovem poderia aplicar em
más impressões.
-- Senhorita – Dizia Paul,
novamente abraçando carinhosamente Fefe. – Deve dormir e descansar. Amanhã é um
novo dia e tudo passará.
-- Obrigada, Sr. Breitner.
– Se retirou dali e voltando ao quarto de Nora, encarou o casal.
-- Felicity... – Nora não
sabia o que dizer.
Fefe ainda olhava
fixamente nas orbes vermelhas de Sepp e deu alguns passos em direção dele e o
abraçou forte.
-- Está livre, vampiro.
-- O que? – Sepp se
encontrava incrédulo ao ouvir isso.
-- Retirei a maldição.
Pode amar minha amiga. – Respondeu de forma soturna.
Não é preciso dizer que a
bruxinha e o vassalo se entregaram num abraço apaixonado e se trancaram no
quarto. Ainda chorando na sala, os rapazes, Alice e Palin ouviram toda a
conversa e apiedados, ficaram perto de Felicity e juntaram-se num abraço
coletivo.
-- Obrigada, pessoal. Mal
tenho palavras para agradecer. – Fefe se encontrava emocionada.
-- Não está sozinha.
Estamos bem aqui. – Disse Alice, sorrindo.
-- E não vamos deixar nada
lhe faltar ao seu filho. – Palin estava mais feliz que o habitual. Depois de
ressuscitado, qualquer noticia boa era motivo para sorrisos e amplexos.
No castelo do conde,
Manuel voltou para lá desapontado em dobro. Brigara com a amada e por raiva, traiu seu
coração e deixou-se levar pelo desejo carnal e sangrento. Não teve coragem de
olhar na cara do conde, Louise e Gerd. Logo de cara, Franz notou algo estranho
no rastreador e pretendia descobrir.
Na manhã seguinte, Ana se
acordou e preparou o café ao lado de Primus. Felicity dormiu fora do quarto ao
lado dos Pythons, como eram denominados os caçadores de vampiros.
-- Primus, o que houve
ali? – Questionou Ana.
-- Srta. Felicity está
triste. Desentendeu com Manuel, previu a traição e morte dele e ainda não
contou sobre o filho que espera. Os Pythons e Alice a consolaram e dormiram
aqui na sala.
-- Acorde eles para o
café.
Primus obedeceu e todos
foram tomar café. Felicity optou em tomar um banho e depois se juntou aos demais.
-- Podemos conversar lá no
quarto? – Convidou Ana.
-- Claro. – Aceitou a
profetisa.
No quarto, as duas se
sentaram na cama e iniciaram o assunto.
-- Existe algo lhe
faltando, minha amiga? – Questionou Ana, ao servir um pouco de café.
-- Seria hipocrisia se
dissesse que não. – Fefe ainda se encontrava cabisbaixa sobre ontem. – Temo
sobre minhas visões. E futuras mortes.
-- E sobre Manuel?
-- Já o perdi de vez, Ana.
-- Talvez não
totalmente... – Dizia a cientista. Compreendia a moça. Assim como ela, também
sofria desse sentimento e justamente pelo caçador. – Manuel não parece ser o tipo que comete
erro e não se arrepende. Se ele ainda ama, irá procurá-la. Caso contrário,
saberemos o quão canalha ele foi. E seu filho terá uma família unida, como pode
ver.
-- Obrigada, Ana.
As duas se abraçaram e
continuaram sua conversa de forma amigável e Primus anuncia a visita de dois
rapazes, os médicos do centro da cidade.
-- Srta. Ana, doutor
Cruyff e doutor Neeskens estão na sala.
-- Está bem.
Descendo as escadas,
Felicity recebe os doutores junto com Nora e Ana decide sair um pouco de casa,
encontrando Paul cortando um pouco de lenha.
-- Sr. Breitner, deixa
esse trabalho com Primus. – Disse a cientista, sorrindo.
-- Não gosto de ficar
parado, fraulein Ana. Já fiz tudo que tinha a ser resolvido na cidade.
Ana pensou um pouco sobre
a conversa com Felicity e chegou à conclusão que é possível tentar algo. E
desde que o caçador chegou em sua casa pedindo abrigo, ele despertara nela algo
desconhecido em seu intimo, não sabendo explicar aquilo tudo.
-- Sr. Breitner, gostaria
de passear comigo? – Convidou a moça, estendendo a mão para ele.
Paul ficou um tanto
surpreso com aquele convite. Pensou que fosse uma loucura, mas acabou por
aceitar. Ele deu o braço para Ana se segurar e juntos seguiram pela estrada,
onde conversaram sobre suas vidas e o que poderia acontecer nos próximos dias.
Estava nascendo e brotando aos poucos o sentimento desconhecido de Ana, mas
para Paul não era. Trocaram um olhar quase significativo. Aos poucos o caçador
aproximava o rosto e ficar perto da jovem, dando um inicio de um possível
beijo. Padre Uli correu até eles.
-- Paul! Paul! – Chamou
seu amigo, interrompendo o momento romântico.
-- Que foi, Uli?
-- A fraulein Felicity...
Ela está tendo ataques... Os médicos não sabem o que fazer.
Os três correram para
dentro de casa e viram Felicity enlouquecida, proferindo palavras desconexas
numa voz irreconhecível. Nora chorava desesperada, pois seus feitiços não eram
o bastante para deter sua amiga. Os Pythons observavam atentamente, mas não
conseguiram segurar a garota, sendo arremessados na parede. Alice e Palin
tentaram e tiveram o mesmo destino. Cruyff procurava uma seringa e o remédio
calmante, mas não conseguia fazer direito devido ao medo e Neeskens teve de
fazer pelo amigo.
-- Todos vocês vão morrer. A escuridão dominará e o filho de Lúcifer, o
escolhido, reinará entre os vivos! -- Felicity dizia de modo assustador e seus
olhos, antes castanhos claros, ganharam a tonalidade negra.
Primus segurava Fefe de
todas as formas enquanto ela gritava. Neeskens aplicou rápida a injeção no
braço dela. Aos poucos a profetisa parava de falar até fechar os olhos e perder
os sentidos, sendo carregada para o quarto pelo servo de Ana.
-- Dr. Cruyff, sinto muito
pelo ocorrido. – Ana se desculpava com os médicos.
-- Está tudo bem,
senhorita Ana. Contudo... – O nervosismo e choque impediam de falar. Tanto
Cruyff quanto Neeskens estavam abismados e profundamente preocupados. – Esta
moça está doente e ainda carrega um filho no ventre. Estou muitíssimo
preocupado com a saúde da senhorita Felicity.
-- Estamos todos aqui
preocupados com isso.
Por mais duas horas, os
dois médicos cuidaram da jovem mãe, que não mostrou nenhum sinal de possessão
diabólica ou algo assim. Depois disso eles foram embora e Nora continuou a
cuidar de sua amiga.
-- Minha avó está
chegando, Fefe. Ela nos ajudará. – Dizia Nora, enquanto observava à amiga,
deitada na cama e limpando a testa suada dela.
-- Tenho medo do
nascimento do meu filho... Se eu não sobreviver... deixe minha prima cuidar
dele.
-- Mas por que a Louise? –
Questionou Nora.
-- Ela é da família, meu
único elo.
Nora não concordara com
isso. Mesmo vampira, achava Louise prepotente, igual de quando era humana.
Mesmo Sepp a convencendo disso e vendo que a prima de Fefe realmente está
mudada, não aceitava esta resposta.
-- Ela vai criar mal essa
criança. – Resmungava a bruxinha. – E duvido que o noivo dela aceite isso.
-- Vão aceitar... Além
disso, Lulu me contou sobre seu desejo de formar uma família com Gerd. Eles vão
aceitar. Por favor, Nora...
Diante do pedido da amiga,
não teve outra alternativa a não ser aceitar. Abraçadas, ela ainda diz sobre
Manuel.
-- Me garanta que aquele
vampiro fazendeiro saiba do filho. Se não, vou transformá-lo num sapo ou
largatixa!
As duas riram disso e Fefe
adormeceu com as palavras conjuradas em latim por Nora, para fazer a amiga
dormir.
No castelo, Sepp conta ao
casal sobre Felicity, a gravidez e a traição amorosa de Manuel.
-- Canalha! Maldito! –
Louise jogou um dos vasos de flores mortas na parede, denotando sua raiva. – Eu
vou matá-lo, eu vou!
-- Por favor, Louise
acalme-se! – Pedia o vassalo, um pouco assustado. – Isso fica entre nós. O
conde não pode saber disso.
-- Mas aquele desgraçado
vai! Não me segura, ursinho.
-- Vamos ver o que podemos
fazer e não o mate até lá, ursinha.
Os três se retiraram para
seus aposentos e Manuel fica na sala de estar, ainda chorando. Franz se
preparava para sair à noite quando avistou seu rastreador melancólico como na
noite anterior. Decidiu conversar com ele.
-- Qual é a causa dessa
melancolia? – Perguntou o conde ao se servir de uma taça de sangue.
-- Trai o amor de uma
mulher e quebrei a promessa de não matar em proveito próprio. Não falei pra ela
sobre isso e sei que previu tudo.
Franz sabia bem de quem o
fazendeiro se referia. A profetisa que foi uma de suas pretendentes no passado.
-- Cometemos erros. É
humano e normal.
-- Humano? No nosso caso
somos mortos. – Limitou-se a dizer.
-- Então resta a nós,
pobres mortos vivos a carregar esses erros. Mas não deixe aquela moça escapar
de suas mãos. – Ao terminar de beber, Franz sai do castelo, deixando o
fazendeiro reflexivo com as palavras.
Minutos após a saída do
conde, Manuel permaneceu ainda na sala e recebe a presença de Louise.
-- Você é mesmo
imprestável, Manuel Neuer! – Ela dizia com os olhos vermelhos de ódio.
-- Tem motivos para me
odiar, frau Louise. Eu juro, ainda amo sua prima. – Respondeu o fazendeiro,
querendo se defender.
-- Se a amasse, por que a
traiu, logo no momento onde ela espera um filho?
Quando ouviu aquela
revelação, Manuel ficou estático. Então, a fraulein espera um filho? Um
filho... dele? E por que não disse? Tantas perguntas a serem feitas e nenhuma
resposta.
-- Eu não sabia... –
Murmurou o vampiro, ainda chocado.
-- É bom pensar sobre
isso. Agora tem mais uma boca pra alimentar. E se fizer mal a Fefe e o meu
sobrinho, eu te mato! – Louise ameaçou e logo mais se retirou.
O rastreador ficou mais
pensativo mesmo fora do castelo e seguiu
para a casa de Ana, com o mesmo ritual. Pulou num impulso para a janela da
fraulein e abrindo a janela devagar, adentrou o quarto e a viu ali, na cama e
dormindo como um anjo.
-- Fraulein... – Ele a
chamou, fazendo Felicity se acordar aos poucos e ver o vampiro ali, parado
diante dela.
-- Manuel. O que faz aqui?
– Indagou a profetisa, se levantando com dificuldade.
Ao ver a amada de pé, ele
observa de cima a baixo e nota a pequena forma protuberante no ventre dela.
Pousou a mão ali, de forma carinhosa e começou a chorar.
-- Meu filho... Nosso
filho, fraulein. – Ele dizia, emocionado.
-- Quem te contou?
-- Louise. Por favor, me
perdoa?
Felicity caminhou até a
janela, mirando os olhos na lua, com as nuvens encobrindo seu brilho e ao longe
ouviu uivos dos lobos da ilha. Manuel
abraça a moça por trás e em seguida sussurra no ouvido dela.
-- Ich liebe dich,
Felicity.
Em todos aqueles meses
juntos, o fazendeiro nunca proferiu aquelas palavras e a profetisa não fazia
questão disso. Apenas a presença dele e seus carinhos bastavam demonstrar o
sentimento dele por ela. Felicity se vira para Manuel e mais uma vez ele toca o
ventre da jovem, desta vez sentindo algo.
-- Ele se mexe... – Disse
Manuel, surpreso e feliz.
-- Sentiu a mão do pai
dele. – Felicity também se encontra numa alegria muito grande.
Os dois trocam um olhar
apaixonado, selando com um beijo ardente. Eles se perdoaram e o fazendeiro jura
permanecer ao lado da amada, não importando os problemas, eles enfrentarão
tudo. E ali mesmo, com Manuel levando Fefe para a cama, os dois fizeram amor,
mais intenso como da primeira vez e após isso, ele faz um pedido.
-- Casa comigo, fraulein?
– Perguntou o vampiro, ao pegar na calça uma caixinha vermelha, abrindo-a
revelando um anel de diamantes.
Felicity ficou mais
surpresa com o pedido.
-- Aceito, meu amor. – Ao
dizer isso, ele coloca o anel no dedo anelar direito dela.
Agora só faltava o dia de
seu casamento.
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