sexta-feira, 16 de setembro de 2016

Ensaio sobre a visão do mundo (2º Capítulo)

Olá pessoal!
Tenham uma boa noite e fiquem com (demorado) segundo capítulo de Ensaio...

Capítulo 2: Um milhão de estrelas

Felicity tossia demais e vomitava sangue. Depois tomava seus remédios, os analgésicos suavizavam sua dor e sensação ruim. Tomou banho, se vestiu, comeu pouco seu café da manhã e seguiu para faculdade mas antes passou na casa de Nora.

-- Desculpa... – ela ajeitava os óculos quebrados. – Quebrei de novo.

-- Não tem problema. Seu pai vai comprar hoje outro modelo?

-- Sim.

-- Certo, então vamos.

Elas seguiram para faculdade. Nora não deixou de notar uma mancha de sangue muito discreta na blusa de Fefe.  Ela fechou o casaco.

-- Mordi a língua. – disse Fefe, mentindo.

Nora não disse mais nada.



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Louise outra vez consultou com seu médico, desta vez usando o monóculo.

-- Sentiu alguma diferença? – perguntou o médico, examinado o globo ocular bom de Louise.

-- A visão melhorou. – respondeu a jovem. – Mas não posso usar colírio em vez do monóculo? Vai ter momentos que... terei de tirar, sabe?

-- Sim. – confirmou o oftalmologista, neste momento receitando o remédio. – É bom que use colírio. Assim mantém seu olho bem limpo e evita de piorar. Mas se o monóculo estiver atrapalhando, posso recomendar que use óculos.

Louise não gostou dessa possibilidade e exibiu um sorriso grande.

-- Quer saber? Eu vou continuar com o monóculo.

-- Se você deseja isso, quem sou eu pra discordar?

-- O Starlord! – respondeu a menina, rindo. – Desculpe. Você é meu oftalmologista.

Ela se levantou, colocou o tapa olho no olho ruim e o monóculo no bom e pegou sua mochila.

-- Eu vou indo pra faculdade porque hoje é dia de seminário de arte. Até a próxima, doutor Müller!

-- Até a próxima, Gamora!

Louise se virou e riu de novo antes de fechar a porta. Uma hora depois Gerd fechou sua sala e caminhou rumo ao estacionamento quando alguém de cadeira de rodas quase o atropelou, se não fosse a outra pessoa parar.

-- Ah, me desculpe, Dr. Müller. – a mulher era Lily Stone.

-- Ele não saiu da minha frente. – reclamou Alice, brava. – A preferência é sempre do deficiente.

-- Alice! – repreendeu a mãe. – Isso é indelicado. Peça desculpas.

-- Tudo bem, senhora. – Gerd saiu do caminho das duas. – Eu sou mesmo culpado. Podem passar.

Elas seguiram seu caminho e o médico embarcou em seu carro, um pouco chocado com a atitude da moça...



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Let me take you down
'Cause I'm going to strawberry fields
Nothing is real
And nothing to get hung about
Strawberry fields forever

Marianne Jones ouviu a voz de Rosie mesclando com a dos vocalistas. Era óbvio que a sua nova amiga goste de Beatles, portanto, não se importava quando ela colocava pra tocar no celular.
-- Você tem uma linda voz, Rosie. – elogiou a menina, segurando Allen, seu cão guia. – Você devia ser cantora. Eu compraria seu CD.

Rosie sorriu e corou o rosto.

-- Que é isso, Marianne? Você é muito gentil. – suspirou. – Meu antigo namorado dizia isso. E cantava mais.

-- Entendi. E ele tocava algum instrumento?

-- Guitarra e escrevia muitas canções.

-- Deviam ser canções muito belas.

-- Uma delas é essa aqui...

Ela pegou o violão no sofá e começou a dedilhar a música.

I once had a girl
Or should I say
She once had me
She showed me her room
Isn't it good?
Norwegian wood
She asked me to stay and she told me to sit anywhere
So I looked around and I noticed there wasn't a chair
I sat on a rug
Biding my time
Drinking her wine
We talked until two
And then she said
It's time for bed
Marianne reconheceu a música e se impressionou como Rosie conseguia cantar tão bem, mesmo que o timbre demonstrava uma leve tristeza. O que tenha acontecido com sua amiga, foi realmente grave a ponto de provocar isso.


She told me she worked in the morning and started to laugh
I told her I didn't and crawled off to sleep in the bath
And when I awoke
I was alone
This bird has flown
So I lit a fire
Isn't it good?
Norwegian wood

Terminando a música, deixou o violão em seu ponto inicial. Suspirou mais uma vez pra evitar chorar e ser ouvida por Marianne. Contudo, Rosie subestimou a presença de Edmund, que ouviu tudo atentamente e viu as lágrimas da ruiva brotarem dos olhos cor de esmeralda.

-- Por que está chorando, Rosie? – perguntou Ed, com seu inconfundível óculos escuros.

-- Eu... eu... – deixando mais lágrimas caírem. – Perdi meu namorado. Ele morreu faz dois anos.

Edmund segurou a mão dela e a abraçou calorosamente.

-- Eu sinto muito por sua perda.

-- Me desculpem... – tentando parar de chorar. – Não devia chorar na frente de vocês.

Marianne ouviu tudo e penalizou-se. Agora compreendeu a tristeza de sua amada e guiada por Allen, consolou também a ruiva.

-- Não tem problema em chorar na nossa frente.

-- Eu não falava disso faz dois anos, quando ele morreu. – respondeu Rosie, firme na voz. – Procuro preservar a memória dele ouvindo suas músicas.

-- Quando perdemos nossa família, não conseguimos falar por um tempo, mas agora lidamos bem. Você precisa desabafar.

-- E sempre vamos te ouvir. – completou Edmund. – Quer ir comer algo conosco? Tem um restaurante de Londres muito bom, principalmente pra Marianne, que é vegetariana.

-- Vem com a gente, Rosie.

Rosie aceitou e mais uma vez sentiu-se bem com os irmãos Jones.

-- Olha, sexta-feira que vem terá um baile na Universidade de Londres. Temática anos 50, os tempos da rockabilly. Vocês querem ir comigo?

-- SIM! – exclamaram os dois juntos.

-- Certo. Pego vocês às sete da noite semana que vem.

-- Mal posso esperar. – Marianne mostrou-se mais animada. – Há tempos que não danço. Você me ajuda escolher um vestido?

-- Claro. – concordou Rosie, mais animada.

-- Aposto que já comprou o seu.

-- Eu fiz meu vestido. – contou a ruiva. – Gosto dos anos 50 e minha mãe me ajudou.

Edmund acompanhou as duas nas lojas de roupas e ao mesmo tempo avaliava quais vestidos Marianne devia levar, acompanhado de sapatos e outros adereços dos anos 50. Terminaram enfim e foram ao restaurante almoçar todos juntos.


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Nora saía da consulta e se juntou as suas amigas.

-- O que houve? – perguntou para Marie, Odile e Ana.

-- A Fefe anda estranha. – comentou Marie.

-- E ela só diz que está tudo bem. – disse Ana. – Eu sinto que ela não está bem mas não quer nos contar.

-- E agora onde ela está?

-- Na sala de música com a banda.

A escocesa seguiu para onde Felicity ensaiava com a English Band. Não notou nada de anormal, exceto a mancha discreta na blusa. Ela pensou em se retirar quando viu o inacreditável. Durante a música Ring of Fire, Felicity cantava até lhe atacar uma crise de tosse horrível, que a fez cuspir sangue em demasia e apagar literalmente.

Como um milhão de estrelas...

Fefe acordou no hospital, com a roupa ensangüentada e seus amigos a esperando. Nora foi a primeira a entrar.

-- Ainda bem que acordou. – comentou, mais feliz e massageando a cabeça por conta da dor. – O que você tem, Fefe?

-- Foi só uma tosse. – disse, contendo a vontade de tossir.

-- Mas desse jeito? Colocando sangue pra fora?

-- Acontece de vez em quando. – mentiu.

-- Fefe!

-- CHEGA, NORA! – berrou a maior, irritada. – JÁ DISSE QUE NÃO TENHO NADA! AGORA VAI EMBORA!

Antes que pudesse ser dito mais, a enfermeira surgiu.

-- Srta. McGold, o doutor Anderson vai lhe atender.

Ela se sentou na cadeira de rodas e foi conduzida rumo à sala do médico.



Continua...

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