Tenham uma boa noite e fiquem com (demorado) segundo capítulo de Ensaio...
Capítulo 2: Um milhão de estrelas
Felicity tossia demais e
vomitava sangue. Depois tomava seus remédios, os analgésicos suavizavam sua dor
e sensação ruim. Tomou banho, se vestiu, comeu pouco seu café da manhã e seguiu
para faculdade mas antes passou na casa de Nora.
-- Desculpa... – ela
ajeitava os óculos quebrados. – Quebrei de novo.
-- Não tem problema. Seu
pai vai comprar hoje outro modelo?
-- Sim.
-- Certo, então vamos.
Elas seguiram para
faculdade. Nora não deixou de notar uma mancha de sangue muito discreta na
blusa de Fefe. Ela fechou o casaco.
-- Mordi a língua. – disse
Fefe, mentindo.
Nora não disse mais nada.
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Louise outra vez consultou
com seu médico, desta vez usando o monóculo.
-- Sentiu alguma
diferença? – perguntou o médico, examinado o globo ocular bom de Louise.
-- A visão melhorou. –
respondeu a jovem. – Mas não posso usar colírio em vez do monóculo? Vai ter
momentos que... terei de tirar, sabe?
-- Sim. – confirmou o
oftalmologista, neste momento receitando o remédio. – É bom que use colírio.
Assim mantém seu olho bem limpo e evita de piorar. Mas se o monóculo estiver
atrapalhando, posso recomendar que use óculos.
Louise não gostou dessa
possibilidade e exibiu um sorriso grande.
-- Quer saber? Eu vou
continuar com o monóculo.
-- Se você deseja isso,
quem sou eu pra discordar?
-- O Starlord! – respondeu
a menina, rindo. – Desculpe. Você é meu oftalmologista.
Ela se levantou, colocou o
tapa olho no olho ruim e o monóculo no bom e pegou sua mochila.
-- Eu vou indo pra
faculdade porque hoje é dia de seminário de arte. Até a próxima, doutor Müller!
-- Até a próxima, Gamora!
Louise se virou e riu de
novo antes de fechar a porta. Uma hora depois Gerd fechou sua sala e caminhou
rumo ao estacionamento quando alguém de cadeira de rodas quase o atropelou, se
não fosse a outra pessoa parar.
-- Ah, me desculpe, Dr.
Müller. – a mulher era Lily Stone.
-- Ele não saiu da minha
frente. – reclamou Alice, brava. – A preferência é sempre do deficiente.
-- Alice! – repreendeu a
mãe. – Isso é indelicado. Peça desculpas.
-- Tudo bem, senhora. –
Gerd saiu do caminho das duas. – Eu sou mesmo culpado. Podem passar.
Elas seguiram seu caminho
e o médico embarcou em seu carro, um pouco chocado com a atitude da moça...
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Let
me take you down
'Cause
I'm going to strawberry fields
Nothing
is real
And
nothing to get hung about
Strawberry fields forever
Marianne Jones ouviu a voz
de Rosie mesclando com a dos vocalistas. Era óbvio que a sua nova amiga goste
de Beatles, portanto, não se importava quando ela colocava pra tocar no
celular.
-- Você tem uma linda voz,
Rosie. – elogiou a menina, segurando Allen, seu cão guia. – Você devia ser
cantora. Eu compraria seu CD.
Rosie sorriu e corou o
rosto.
-- Que é isso, Marianne?
Você é muito gentil. – suspirou. – Meu antigo namorado dizia isso. E cantava
mais.
-- Entendi. E ele tocava
algum instrumento?
-- Guitarra e escrevia
muitas canções.
-- Deviam ser canções
muito belas.
-- Uma delas é essa
aqui...
Ela pegou o violão no sofá
e começou a dedilhar a música.
I once had a girl
Or should I say
She once had me
Or should I say
She once had me
She showed me her room
Isn't it good?
Norwegian wood
Isn't it good?
Norwegian wood
She asked me to stay and she told me to
sit anywhere
So I looked around and I noticed there wasn't a chair
So I looked around and I noticed there wasn't a chair
I sat on a rug
Biding my time
Drinking her wine
Biding my time
Drinking her wine
We talked until two
And then she said
It's time for bed
And then she said
It's time for bed
Marianne reconheceu a
música e se impressionou como Rosie conseguia cantar tão bem, mesmo que o
timbre demonstrava uma leve tristeza. O que tenha acontecido com sua amiga, foi
realmente grave a ponto de provocar isso.
She told me she worked in the morning and started to
laugh
I told her I didn't and crawled off to sleep in the bath
I told her I didn't and crawled off to sleep in the bath
And when I awoke
I was alone
This bird has flown
I was alone
This bird has flown
So I lit a fire
Isn't it good?
Norwegian wood
Isn't it good?
Norwegian wood
Terminando a música, deixou o
violão em seu ponto inicial. Suspirou mais uma vez pra evitar chorar e ser
ouvida por Marianne. Contudo, Rosie subestimou a presença de Edmund, que ouviu
tudo atentamente e viu as lágrimas da ruiva brotarem dos olhos cor de
esmeralda.
-- Por que está chorando, Rosie?
– perguntou Ed, com seu inconfundível óculos escuros.
-- Eu... eu... – deixando mais
lágrimas caírem. – Perdi meu namorado. Ele morreu faz dois anos.
Edmund segurou a mão dela e a
abraçou calorosamente.
-- Eu sinto muito por sua
perda.
-- Me desculpem... – tentando
parar de chorar. – Não devia chorar na frente de vocês.
Marianne ouviu tudo e
penalizou-se. Agora compreendeu a tristeza de sua amada e guiada por Allen,
consolou também a ruiva.
-- Não tem problema em chorar
na nossa frente.
-- Eu não falava disso faz dois
anos, quando ele morreu. – respondeu Rosie, firme na voz. – Procuro preservar a
memória dele ouvindo suas músicas.
-- Quando perdemos nossa
família, não conseguimos falar por um tempo, mas agora lidamos bem. Você
precisa desabafar.
-- E sempre vamos te ouvir. –
completou Edmund. – Quer ir comer algo conosco? Tem um restaurante de Londres
muito bom, principalmente pra Marianne, que é vegetariana.
-- Vem com a gente, Rosie.
Rosie aceitou e mais uma vez
sentiu-se bem com os irmãos Jones.
-- Olha, sexta-feira que vem
terá um baile na Universidade de Londres. Temática anos 50, os tempos da
rockabilly. Vocês querem ir comigo?
-- SIM! – exclamaram os dois
juntos.
-- Certo. Pego vocês às sete da
noite semana que vem.
-- Mal posso esperar. –
Marianne mostrou-se mais animada. – Há tempos que não danço. Você me ajuda
escolher um vestido?
-- Claro. – concordou Rosie,
mais animada.
-- Aposto que já comprou o seu.
-- Eu fiz meu vestido. – contou
a ruiva. – Gosto dos anos 50 e minha mãe me ajudou.
Edmund acompanhou as duas nas
lojas de roupas e ao mesmo tempo avaliava quais vestidos Marianne devia levar,
acompanhado de sapatos e outros adereços dos anos 50. Terminaram enfim e foram
ao restaurante almoçar todos juntos.
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Nora saía da consulta e se
juntou as suas amigas.
-- O que houve? – perguntou
para Marie, Odile e Ana.
-- A Fefe anda estranha. –
comentou Marie.
-- E ela só diz que está tudo
bem. – disse Ana. – Eu sinto que ela não está bem mas não quer nos contar.
-- E agora onde ela está?
-- Na sala de música com a
banda.
A escocesa seguiu para onde
Felicity ensaiava com a English Band. Não notou nada de anormal, exceto a
mancha discreta na blusa. Ela pensou em se retirar quando viu o inacreditável.
Durante a música Ring of Fire,
Felicity cantava até lhe atacar uma crise de tosse horrível, que a fez cuspir
sangue em demasia e apagar literalmente.
Como
um milhão de estrelas...
Fefe acordou
no hospital, com a roupa ensangüentada e seus amigos a esperando. Nora foi a
primeira a entrar.
-- Ainda bem que acordou. –
comentou, mais feliz e massageando a cabeça por conta da dor. – O que você tem,
Fefe?
-- Foi só uma tosse. – disse,
contendo a vontade de tossir.
-- Mas desse jeito? Colocando
sangue pra fora?
-- Acontece de vez em quando. –
mentiu.
-- Fefe!
-- CHEGA, NORA! – berrou a
maior, irritada. – JÁ DISSE QUE NÃO TENHO NADA! AGORA VAI EMBORA!
Antes que pudesse ser dito
mais, a enfermeira surgiu.
-- Srta. McGold, o doutor
Anderson vai lhe atender.
Ela se sentou na cadeira de
rodas e foi conduzida rumo à sala do médico.
Continua...
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