domingo, 4 de outubro de 2015

Every Breath You Take - Ato 1 (What If - Grindhouse - Parte 1)

Olá pessoal!
Tenham uma boa noite e para começar as postagens de outubro e as comemorações de 1 ano da what if O Casamento, vamos ler a parte 1 de Every Breath You Take, trazendo o ship McGüller em mais de suas peripécias. Boa leitura!



Ato 1: “Eu estou grávida”

Louise se encontrava quieta demais. Não era pra menos, já que poucos minutos atrás ela e seu namorado Gerd Müller discutiram enquanto iam para casa dele. O motivo: James Hunt.
Na discoteca, os jogadores alemães foram comemorar em grande estilo o título conquistado e entre os convidados, o piloto inglês estava ali, disposto a reatar a relação com Louise. Uma tentativa sem sucesso. Entre os motivos estavam o fato de James ser muito volúvel, traindo quase constantemente a atriz e o segundo mais óbvio, ela já estava num relacionamento perfeito com o atacante da seleção da Alemanha Ocidental.

E com a chegada dele em atrapalhar tudo do casal, resultou numa briga. Inclusive dentro do carro discutiram até Louise se entregar ao silêncio, demonstrando sua insatisfação.

Sentada no sofá, ela ficou pensativa demais, não prestando atenção no que ele fazia. Ao mesmo tempo em que controlava sua raiva por conta da gravidez. Ela tentava evitar aquela briga para não ser prejudicada. E agora se encontrava sem saída.

Decidiu ir até cozinha e se serviu com um copo de água.

-- Não quer um uísque? – Ofereceu o amado.

-- Só quero água. – Disse Louise, já bebendo todo o liquido num só gole.

-- Pensei que seu ex-namorado já tivesse ido embora e te esquecesse.

Louise não disse nada, apenas se limitou em caminhar até a sala novamente.

-- Me responda algo!

-- O que? Já disse tudo no carro e continuou a brigar por causa disso! Me deixa, Gerd, estou cansada e estou... – Quase falou a palavra “grávida” por impulso. Se fosse falar disso pra ele, deveria ser calma. Acabou emendando outra palavra. -- ... Aborrecida. E hoje vou dormir no quarto de hóspedes.

Quando caminhou poucos metros perto da porta, Gerd impede, furioso.

-- VAI DORMIR COMIGO!

-- Não! Não mais! – E entrou no quarto, fechando a porta na cara do amado.
Louise tirou toda a vestimenta, ficando apenas de roupa intima e se jogou na cama, ainda ouvindo os socos desferidos por Gerd na parede, indicando mais frustração e raiva. Derramou-se em lágrimas, botando a tristeza fora. Procurou abafar os gemidos para não preocupar Gerd e tentou dormir.

Cerca de uma hora depois, nem ela e nem o atacante conseguiram dormir. Gerd sentia falta de Louise e refletiu sobre os acontecimentos. Embora difícil de admitir, sentiu mesmo que foi estúpido com a amada a ponto de não compreende-la e então saiu de seu quarto, indo para a porta ao lado. Vendo que está semi aberta, Gerd entrou sem ser notado e ouviu Louise chorando baixinho e deitada de lado, em direção a janela.

Deitou-se na cama e começou a fazer caricias no corpo dela, mesmo sem alguma resposta. Abraçou a amada e sussurrou.

-- Odeio te ver triste. Isso me machuca demais.

Louise ainda chorava, mas conseguiu responder de forma coerente.

-- Por que briga comigo? Sabe que amo você demais. E             ainda sim me trata como se fosse... – Não terminou a frase, pois Gerd pousou o dedo indicador nos lábios dela.

-- Você é minha existência. Sem ti não sou nada. – E em seguida a beijando de maneira apaixonada, emocionando mais Lulu, que não tinha mais aquelas sombras de dúvida e ódio. Apenas amor.

-- Me ame, ursinho... – Disse a amada, abraçando mais o atacante.

Gerd carregou Louise em seus braços e a levou para seu quarto, onde se entregaram aquele prazer que só eles sabiam, desde a primeira noite de amor deles meses atrás, onde tiveram danças na discoteca, beijos, vassouradas e ousadia por parte dele. Desta vez o amor deles foi posto a prova e mais uma vez conseguiram superar. E agora, estavam ali, se amando intenso, matando o louco desejo de ambos.

De madrugada, Louise se acordou ouvindo uma música conhecida, mas seu cérebro procurava o nome. Se levantou da cama com cuidado para não acordar Gerd, que pousava seu braço na cintura dela e teve de tirar.
Em seguida se contemplou no espelho. Observou com cuidado seu ventre, onde brota uma vida dentro dela. E depois olhou para os seios. Aos poucos ganhavam uma forma mais robusta. Caminhou até a janela e ouviu a música de um dos vizinhos.


Long ago, and, oh, so far away
I fell in love with you before the second show.
Your guitar, it sounds so sweet and clear,
but you're not really here.
It's just the radio.
Don't you remember you told me you love me baby?
You said you'd be coming back this way again baby.
Baby, baby, baby, baby, oh, baby.
I love you, I really do.
Loneliness is such a sad affair, and I can hardly wait
to be with you again.
What to say, to make you come again?
Come back to me again, and play your sad guitar.

As lágrimas teimaram em cair em seu rosto, por lembrar-se daquela música e seu antigo namorado. Por mais ressentimento que James tenha causado, Louise tem um resto de sentimento por ele e ela pretende guardar no fundo do coração. Sentiu um par de mãos tocando seu corpo. Virou-se e era o amado.
-- Esta música... – Apontando para a janela, mostrando a cidade de Munique mais agitada por conta da comemoração. – Havia pedido a Karen Carpenter colocar o título de “Superstar” e dedicasse ao James. E o que recebo? Mais traições!
Gerd fechou a janela e novamente encara os olhos azulados de Louise.
-- Agora sou eu quem vai cuidar de você. Minha ursinha!
Novamente no quarto os dois recomeçam seus movimentos prazerosos quando a atriz se lembrou da promessa de contar a verdade sobre sua gravidez.
-- Gerd... – Louise não conseguia falar com os beijos do namorado cobrindo sua boca. – Eu... preciso falar algo... importante.
-- Depois, ursinha.
-- Quero falar agora. Pode ser? – Fazendo o amado parar com as caricias.
-- Está bem. O que é?
Respirou fundo e sentindo que a qualquer momento o clima poderá ficar mais tenso, Louise segura à mão do amado e encarando seus olhos negros resolveu falar.
-- Meu bem, eu estou...
Porém, foi interrompida com o toque da campainha. Ignoraram por achar ser um engano e ter vindo dos vizinhos.
-- Como estava dizendo, eu estou...
Mais uma vez o toque se tornou mais insistente e Gerd saiu da cama, vestindo apenas uma cueca e uma camisa, seguiu até a sala e ao abrir a porta se depara com seu amigo, o goleiro Sepp Maier e Nora Smith, completamente bêbados.
-- Olá, amigo... hic up... estou bêbado demais para leva- lá pra casa... hic up... posso ficar aqui com você?
Louise também sai do quarto, apenas de lençol cobrindo seu corpo nu e acaba rindo ao ver Nora toda cambaleando com o parceiro.
-- Veja, katze... hic up... Lulu está aqui! Desculpa, minha amiguinha McGold... hic up... a sua prima me deixou e eu posso dormir... hic up... aqui?
O casal ficou em silêncio e trocaram um olhar significativo.
-- Durmam lá no quarto ao fundo de hóspedes. – Respondeu Gerd, levando os dois até o recinto.
-- Muito obrigado... hic up...—Agradeceu Sepp e em seguida fechando a porta.
O que seria uma noite tranqüila se transformou em perturbações exageradas, resultando na ausência de sono para Gerd e Louise. Ao se deitarem, ouviram uma  série de ruídos semelhantes a miados.
-- Mas o que é isso? – Perguntou Louise, se levantando espantada.
-- Calma, ursinha. São eles... no quarto. – Respondeu Gerd, ainda deitado e tentando dormir.
-- Assim não dá! Vou falar pra eles pararem. – Disse e em seguida saindo do quarto, nua e ao chegar à porta do quarto de hóspedes, bateu forte. – PAREM VOCÊS DOIS! QUEREMOS DORMIR!
Voltando ao quarto, ainda ouviram os mesmos ruídos e Louise se atirou na cama, abafando aquele barulho com o travesseiro na cabeça e falando ao namorado.
-- Dá próxima vez, vamos despachá-los ao Franz!
Gerd riu um pouco disso, pensado o quão engraçado Sepp e Nora ronronando pra perturbar o Kaiser.
-- Se ele não quiser, mandaremos ao Paul!
Não seria uma noite tranqüila no final das contas.
Dia seguinte, Louise aproveitou que o namorado tomava banho e correu até o telefone, discando uma série de números e aguardando a chamada.
-- A... alô?
-- Oi Felicity, é a Louise. Sabe se as meninas estão aí no hotel?
-- Hum... Não. Por quê?
-- Apenas curiosidade. E a Odile apareceu?
Não houve resposta, contudo, a atriz percebeu que além da prima, outra pessoa estava ali. Irritou-se pela falta de sinal.
-- Fefe, está tudo bem?
-- Está... Ah... Chegando... Lá...
-- Mas o que é isso? – Questionou a prima mais nova, mais brava. No entanto, se lembrou de um detalhe. – Fefe, por acaso está acompanhada do Johan Cruyff?
-- Sim... – Respondeu Felicity, ainda gemendo no telefone. – Acho... acho que vou... ahhh...
Rapidamente, desligou o telefone, muito constrangida e rindo da situação. Liguei em péssimo momento, pensou Louise e vendo Gerd saindo do banheiro, apenas de toalha cobrindo da cintura pra baixo.
-- O que houve, ursinha? Por que está com essa cara? – Perguntou Gerd.

-- Acabei de ligar para Fefe e ouvi coisas que não imaginava ouvir.

-- Ela te ofendeu?

-- Pelo contrário. Eu a ouvi... Estava... Num momento intimo com Cruyff. – Mal terminou a frase e ela caiu na risada, deixando um Gerd um pouco confuso e logo mais se limitou a dizer.

-- Foi uma péssima hora pra ligações, ursinha. Agora vamos acordar aqueles “gatos” no quarto de hóspedes.

Na mesa, Louise preparava toda a refeição quando sentiu uma vertigem, fazendo-a derrubar o leite. Gerd saiu do quarto e viu a namorada aos poucos desmaiando e gemendo, correu até ela e a socorreu, deixando-a repousando na sala.
-- Ursinha, o que você tem? Me diz!
-- Acho que estou doente... – Mentiu. Ela sabia bem que isso era conseqüência da gravidez, mas ainda não era o momento para dizer. – Ursinho, foi só uma vertigem.
-- Acho melhor que fique em casa. – Disse o atacante, muito preocupado.
-- Eu preciso te ajudar, ursinho. Hoje tem reunião na Igreja e prometemos ajudar Paul e Ana.
-- Ao menos permita te levar ao hospital.
-- NÃO! – Gritou a atriz. – Foi tontura, ursinho! Odeio hospitais, por favor, não me leva. Olha pra mim estou tão bem. Veja!
Por mais fosse sua vontade de levar (mesmo a força) a amada para o hospital, acabou por ceder e foi limpar o chão com leite derramado.
-- A que horas aqueles dois vão acordar? – Perguntou Louise.
-- Eu não sei... – Respondeu o amado, terminando de limpar o chão.
-- Calma, gente! – Disse uma voz feminina e em seguida aparece Nora e Sepp, ainda sonolentos, mas vestidos e se sentando a mesa. – Estamos aqui.
Durante isso, Gerd e Louise ficaram encarando o casal de gatos, que tomava café calmamente como se não acontecesse nada de anormal agora e nem ontem, quando ouviram a série de miados na noite passada.
-- Desculpe a curiosidade, mas por que vocês ficam... Miando a noite toda?
A pergunta pegou os dois de surpresa. Gerd arregalou os olhos e beliscou a perna da namorada, sinal de que não era pra ser feita aquela pergunta.
-- Nós... Miamos? – Nora parecia não se lembrar e pelo semblante de Sepp, nem ele se lembrava também.  – Eu nem me lembro. Só lembro-me de ter chegado “aos céus”.
Só se for ao céu felino, pensou Lulu, dando risinhos e recebendo mais beliscões de Gerd. Este também segurava o riso diante daquela resposta. Minutos depois do café da manhã ter acabado, as garotas vão se arrumar no quarto, enquanto que os namorados ficaram na sala, conversando em alemão.
-- Que noite foi aquela? – Questionou Gerd ao amigo.
-- Aquilo foi... os céus como disse a Kätzchen. – Respondeu Sepp, rindo da noite passada.
Por uns minutos Gerd se calou. Pensava em Louise e suas atitudes e também sobre o que ela queria lhe falar de tão importante e algo em seus pensamentos tinha a ver com o piloto inglês, a aparição dele na discoteca e a briga no qual ele pôde ouvir uma parte da conversa, onde Lulu dizia que “pertencer ao Gerd”. E a considerar que a atriz andava terrivelmente mal de saúde, seja com tonturas e muitas vezes vomitando. Certa vez após mais uma partida da Copa, onde a Alemanha Ocidental enfrentou a Iugoslávia, Louise mal conseguia dar a atenção a ele e correu para longe, onde colocou tudo para fora. Odile alegava nervosismo por parte dela, pois antes do jogo, ela comia lanches devido à ansiedade.
Nora e Louise acabaram por sair com Ana para comprar seu vestido de noiva e Gerd resolveu sair com Sepp. Durante a ida a uma loja de roupas, ele reconheceu uma pessoa importante. Era Alice Stone, sua ex-namorada.
-- Alice?
-- Gerd! Quanto tempo! – Abraçou Alice, feliz por reencontrá-lo ali.
Antes de Louise, o jogador namorava a jornalista de olhos azuis e isso aconteceu meses após o divorcio conturbado com Uschi. Se conheceram por intermédio de Bobby Charlton, jogador do Manchester United e de Belle Blue, amiga de longa data de Alice. Dali nasceu um romance intenso e apaixonado, regado a viagens seja para Cardiff ou Munique, idas ao cinema e noites de amor intensas e altas conversas. Contudo, Alice conheceu outro rapaz chamado Michael Palin, um ator que atua no grupo humorístico chamado Monty Python.
-- Como você está? – Perguntou Alice, sempre simpática.
-- Melhor em dobro. Feliz por conquistar o título mundial e ao lado da minha namorada. – Respondeu o jogador.
-- Ah sim. Na última carta você me disse que estava com a Louise.
-- Sim. Demorou dois anos para conquistar a ursinha.
Naquele momento os dois resolveram sair para tomar um café e ali conversaram por vários minutos sobre os últimos acontecimentos, como ele e Louise se conheceram, a Copa do Mundo e por fim algumas situações estranhas.
-- Acho que ela me esconde algo... – Comentou Gerd.
-- Pelo o que me contou, é complicado. Contudo, não deve temer isso. Só converse com ela sobre o assunto, mas procure não aborrece - lá.
-- É um pouco difícil. Ontem à noite quando fazíamos amor pela segunda vez, ela tentou me contar e a chegada do Sepp e Nora nos interrompeu.  – Depois ficou em silêncio.
Alice sabia bem que o ex- namorado é bastante desconfiado e por vezes não era um mero ciúme de relacionamento e sim algum momento verdadeiro. E ao que parece, os motivos se resumiam em Louise, a presença de Hunt na discoteca e uma suposta revelação.
-- Outra coisa me intrigando foi o fato dela estar mal de saúde. O que exatamente tem acontecido? – Indagou a jornalista, tentando investigar.
-- Ela tem sentido muitas vertigens, ás vezes desmaiava e outra vez corria ao banheiro e vomitava. Ou quando não estava em casa, era na rua.
-- E não foi nada comentado sobre... aquilo? Sabe,  se anda “atrasada”?
-- Eu não sei. Ela nunca me fala essas coisas, ao contrário de você que dizia sobre aqueles dias.
-- Ao menos sabe se ela toma remédio?
-- Sim. Por isso... – Trocaram um olhar significativo e Alice imediatamente entendeu.
-- Ok... entendi! Meu deus, vocês homens deviam também se cuidar e usar proteção. Palin não usou e olha no que deu? Estou grávida, mas não reclamo, sabe? Queríamos muito um filho e digo mais: se vier menino vou colocar seu nome nele.
Gerd quase se engasgou com a afirmação de Alice e logo depois se recompôs.
-- Não pode estar falando sério. E Palin o que acha disso?
-- Ele concorda. Então você me permite?
Pensou por alguns segundos e logo respondeu.
-- Por que não? Pode sim. E faço questão de ser padrinho do bebê junto com a Louise.
-- Combinado!
Depois disso Michael Palin, que fazia compras, se juntou no café da manhã, tornando o dia mais agradável.
No shopping Nora e Louise pararam numa loja de roupas e ficaram escolhendo por longos minutos, até a loira ser abordada por alguém conhecido.
-- Louise! – Disse o rapaz, cutucando seu ombro.
-- Você é... James Stone!  -- Surpreendeu-se e em seguida se abraçaram.  – Puxa, que bom que está aqui!
-- Digo o mesmo de você, minha amada pequena deusa.  – Depois disso aparece uma mulher de cabelos longos e dourados e os olhos azuis como os de Louise. – Esta é Farrah Fawcett, minha esposa.
-- Oh meu deus, a Jill das Panteras. É um prazer em conhece - lá! – Cumprimentou Lulu.
-- O prazer é todo meu, Louise. Finalmente, conheci a famosa Louise McGold, premiada atriz de 72 e madrinha do Edgar!
-- Ah, Jimmy, como está o Ed? – Questionou a atriz. Louise é madrinha de Edgar, o filho de James.
-- Está bem aqui. – Mostrando o menino de três anos, escondido atrás do pai. – Edgar, cumprimente sua madrinha.
-- Madrinha! – O menino quase ruivo e olhos claros abriu um sorriso quando viu a moça.
-- Edgar!  -- Abraçou o menino tão carinhosamente. – Saudades suas meu fofinho!
-- Quando vem me visitar? – Questionou o menino, com seus olhinhos fitando-os de Lulu.
-- A tia Lulu tem ficado muito ocupada, mas assim que não tiver nada a ser feito, irei te ver e vamos brincar até o dia raiar, o que acha? – Animando o menino, que foi para os braços da madrasta.
-- Como sempre lidando com crianças, não é mesmo?
-- Adoro crianças desde sempre. – Sorria Louise, vendo Edgar e imaginando seu filho nascendo e ela e Gerd derramando carinho e mimo ao bebê. – Meu irmão e eu adoramos. Quando Joey nasceu, fui uma das primeiras a segurar o bebê da Felicity. Depois os filhos da Marie e a filhinha da Nora.
-- E hoje não sonha em ter um filho... com alguém? – Insinuou James, tocando os dedos de Louise.
-- Eu... Jim... – Afastando a mão de perto dele. – Ainda terei um filho um dia.
-- Esse filho... – Sussurrou no ouvido dela. – Podia ser meu...
Louise ficou um tanto surpresa e arregalando os olhos, se preparava para responder algo quando Farrah grita do outro lado dos estandes, acompanhada de Nora Smith.
-- JIM! – Gritou Farrah, segurando Edgar. – OLHA QUEM EU ENCONTREI!
James se virou e avistou sua irmã Alice, com a barriga saliente, acompanhada do ex- namorado Gerd Müller.
-- Ursinho! – Louise correu até o amado e arrancou um beijo nele, deixando James um tanto confuso.
-- Pensei que estivesse com Palin e não com esse chucrute de coxas gordas! – Exclamou James para Alice.
-- Tolo! Estou com Palin sim. Ele está na loja de ferramentas e logo virá pra cá! – Respondeu Alice, um pouco envergonhada pelo irmão dizer em voz alta um dos fatos mais secretos dela sobre Gerd.
-- Coxas gordas? – Aumentando mais ainda o espanto da atriz e de quem ouvia a conversa.
-- Esquece, Louise. – Dizia Alice, sorrindo de modo forçado e depois abraçando seu marido, Palin. – Amor, vamos falar para Louise e o Gerd sobre serem padrinhos do bebê?
-- Claro! – Animou-se o Python. – Louise, Gerd, queremos que vocês sejam os padrinhos do bebê da Alice!
Antes da resposta final, a jornalista toca a barriga e pegando a mão do comediante, colocou no mesmo lugar.
-- O bebê... chutou. E foi um chute forte!
-- Como um bombardeiro! – Orgulhou-se o jogador, sabendo da pequena manifestação do bebê e Louise concordou.
-- Bem, respondendo sua pergunta, Alice: sim, nós aceitamos.
-- E aceita também se nosso filho for batizado com nome do jogador? – Perguntou Palin.
Louise não sabia se era uma piada do amigo ou se era verdade e encarando o namorado, percebeu a verdade ali.
-- Por que não? – Sorrindo. – Vai ser lindo, não é, ursinho?
-- Eu concordei com isso, ursinha! – Disse Gerd, também sorrindo.
Depois da conversa, Nora avista o casal de noivos Paul Breitner e Anastácia, acompanhados do irmão dela, Christopher e um amigo dele, Igor.
-- Olá para todos! – Ana abraçava Louise e os outros convidados.
De repente, a atriz teve de novo as vertigens de modo leve e procurou se afastar de todos de modo discreto. James percebeu isso e foi-se em direção dela.
-- Você está bem?
-- Claro. – Disfarçou a atriz. – Foi apenas um mal estar. Estresse! Assim que esse casamento terminar, voltarei a Londres para descansar. Não subirei ao palco antes de um mês ou dois.
-- É uma boa idéia. – Concordou. – Ainda não me respondeu a pergunta.
-- Aí está você! – Abraçou Ana, perto de Louise. --- Está tudo bem?
-- Tudo ótimo, Ana. – Respondeu.
-- E mais ainda com a presença da bela Louise. – Disse James, com os olhos verdes brilhando.
-- Qual é, cara? – Repreendeu Chris. – Ela tem namorado, sabia?
-- Eu sei e ela sabe que estou brincando. Sou muito engraçado! Bem, vou me despedir de vocês. Farrah e eu vamos levar Edgar para uma confeitaria. Desde que chegamos a Munique, ele só quer doces. Felicidades aos noivos e boa sorte para você, Christopher e Igor! – E depois para Louise, Jim pegou a mão dela e a beijou justo no momento que Gerd apareceu. – Até algum dia, pequena deusa. Venha nos visitar em Cardiff ou na Califórnia.
Com a partida de Jim e Farrah, Louise ficou um tanto desconcertada. No fundo gostava de Jim, mas não da maneira como ele a correspondia, intenso e apaixonado. Além disso, ele é um dos amigos de Michael, seu irmão. Na saída do shopping eles encontram as irmãs Greyhound, cada uma acompanhada do seu amado e seguiram rumo a nova casa dos Breitners.
Os visitantes iniciaram uma conversa animada e algumas mulheres ficaram na cozinha preparando mais chá. Neste momento, Louise achou o momento certo para desabafar.
-- Se importaria se eu contasse um segredo, Alice?
-- Claro que não! – A galesa sorria para a atriz. – É algo... tipo... Intimo?
-- Na verdade – Suspirou a atriz e vendo o namorado conversando com Franz, deixou cair uma lágrima. – Estou grávida!
De inicio Alice ficou surpresa, contudo, abraçou a amiga.
-- Meus parabéns! Por que está chorando? Gerd sabe disso? Ele...
-- Calma. Ele é o pai. Só não contei por que descobri poucos dias antes da final da Copa. Não podia tirá-lo da concentração. Planejei contar depois da discoteca ontem, mas brigamos por que meu ex-namorado estava lá e houve briga. E hoje estou sem coragem pra falar disso a ele. – Ainda abraçando Alice, Louise chorava. – Como... contou ao Palin sobre a gravidez?
-- Foi bem engraçado sabe? Primeiramente descobri uns dias antes da gravação de um novo esquete. E depois contei isso a eles, não ao Palin e como forma de amenizar as coisas, de improviso eles criaram outro esquete e fiz uma participação especial no qual disse na cara de pau em plena rede nacional que espero um filho dele. Palin riu achando que é piada. Fiquei séria e não ri disso. Foi aí que ele percebeu e aceitou numa boa. O coitado do diretor... – Riu ao se lembrar disso. – Pensou que estava no roteiro. Sabe de nada aquele inocente!
Elas riram juntas e continuaram com a conversa. Louise sabe que Alice foi namorada de Gerd e até inclusive, a primeira vez que o viu foi no meio de 1973, na discoteca The Warren, onde ela e suas três amigas do teatro, Alberta Mann, Renée Chapelle e Joanna Martin, resolveram sair naquela sexta-feira à noite para comemorar o aniversário de Renée.

FLASHBACK ON
Era a primeira sexta-feira do mês e as quatro atrizes saíram para a discoteca The Warren, um dos locais mais movimentados da noite de Londres, perdendo apenas para os lendários Speakeasy e o UFO Club. Ao entrarem no gigantesco salão, elas dançaram a música Jean Genie, do cantor David Bowie.
-- EU ADORO ESSA MÚSICA! – Gritou Louise, se movimentando sob a melodia.
-- EU TAMBÉM ADORO BOWIE! – Joanna também se juntou na loucura da amiga.
Em meio a dança Louise se distanciou um pouco das garotas e sem querer esbarrou-se com um rapaz.
-- Opa, me desculpa! – Disse a atriz se equilibrando.
-- Desculpa! – Respondeu o homem, olhando para a moça e ficando petrificado com a presença dela.
Louise por sua vez também paralisou ali mesmo diante da visão a sua frente. Os olhos castanhos que brilhavam sob as luzes da discoteca, o porte físico gigante lhe chamaram atenção.
-- Vem Louise! – Renée puxou a amiga pelo braço, afastando-a do estranho. – Vamos beber!
Na mesa, as quatro amigas ficaram conversando e observando o público. A atriz não parava de olhar para o estranho rapaz de olhos castanhos.
-- Ele não é pra você. – Disse Alberta, rindo da amiga.
-- Até por que ele tem namorada, olha! – Apontou Joanna, para onde ele estava. No centro da pista.
-- Ei, eu conheço ele! – Surpreendeu Renée. – Ele é jogador do Bayern de Munique e o nome é Gerd Müller!
Louise cuspiu fora o Martini quando ouviu as palavras da amiga.
-- Não pode estar falando sério? – Disse Louise, de olhos arregalados. – OUTRO JOGADOR? Não...
-- Qual o problema?
-- Caramba, Renée. Lembra que no ano retrasado Louise tava tão chapada que acabou na cama com George Best? – Alberta acabou revelando para as outras que ficaram boquiabertas.
Neste momento, um casal surge na mesa das garotas.
-- Olá, meninas! – Cumprimentou a moça, também galesa como Louise, mas possuía cabelos negros e olhos azuis e um sorriso. – Vocês são as atrizes que estiveram no Teatro Municipal?
-- Somos sim. – Respondeu Alberta. – E você quem é?
-- Alice Stone, jornalista do The Guardian. Entrevistei esses dias o diretor Barry Thompson e agora estou conhecendo mais uma parte do elenco! Vocês estavam ótimas na peça Antígona.
-- Ora, obrigada! – Agradeceu Renée. – Estamos muito felizes por terem visto nossa atuação, sobretudo a Louise.
Louise encarou o casal e sorriu para eles, sobretudo para o jogador.
-- Olá, Louise! – Cumprimentou Alice, abraçando a loira. – Quanto tempo.
-- Sim. – Disse Louise, tentando parecer feliz. – E esse é seu namorado?
-- Ah como sou distraída. Louise, este é Gerd Müller, meu McDreamy.
Louise apertou a mão de Gerd, um tanto tímida diante dele. No fundo a decepção em saber que o homem maravilhoso que esbarrou na pista namora sua ex-cunhada, lhe serviu para aumentar sua depressão.
Quando Gerd se retirou por enquanto, as garotas continuaram a conversa de modo animado. Alice cada vez mais simpatizara com as atrizes e ficara mais intrigada por Louise quando descobriu que ela foi mais uma namoradinha de seu irmão. Neste momento outra garota surge na pista e grita:
-- ALICE!
-- BELLE!
A garota chamada Belle Blue se apresentou para as atrizes e ainda apresentou mais amigas no círculo.
-- Ah, garotas, quero que conheçam Marianne Jones e sua melhor amiga Rosie Donovan.
Ao fim das apresentações de cara foi-se notado algo: Louise e Rosie pareciam não ter se gostado. Praticamente não trocaram uma palavra sequer para a outra, até certo momento.
-- Não era essa garota que namorava o piloto James Hunt, Marianne? – Perguntou Rosie para sua amiga.
-- Sim. Você sabe disso, amiga.
-- Eu sei, só quero jogar na cara dessa aí como ela tem descaramento em se deitar com outro enquanto namora um.
Louise se irritou com aquilo. Sabia bem que Rosie estava com raiva dela por conta da história onde ela acordou com George Best na cama.
-- Vamos ser bastante claros, sua ruiva mal informada! Primeiro, não tenho nada a ver com Best. Segundo, ele estava chapado. Terceiro, ele achou que eu fosse você. Neste caso você não soube segurar seu homem!
-- Sua atrevida como ousa!
As duas mulheres iniciaram uma troca de tapas mas foram separadas pelas amigas e os namorados destas.
-- EU TE ODEIO, LOUISE! – Berrava Rosie, sendo contida  por George Best.
-- Vamos com calma gente. Best ficou com ela há anos, não precisamos brigar! – Dizia Belle numa tentativa de acalmar os ânimos.
-- Belle, cala a boca!
-- Agora entendo por que vocês dois se combinam! – Dizia Louise, rindo da situação.
-- Não sabe com quem está se metendo! – Berrava mais a ruiva enfurecida.
-- Minha ruiva, eu nem gostava dela. Ela ficou comigo por que estava com medo do piloto francês tarado. Eu juro! – Best se defendia, mas a ruiva parecia mais furiosa.
George Best levou Rosie embora, juntamente Bobby Moore e Marianne, que queriam muito voltar para casa e cuidar das crianças. Mais tarde Bobby Charlton e Belle também partiram para a casa. Gerd e Alice ficaram mais uma hora conversando com as atrizes. Louise desviava o olhar para Gerd, contudo, era uma tarefa impossível. Mesmo com a namorada, ela não conseguia admitir que o jogador alemão tivesse lhe tirado toda sua atenção. No entanto, percebeu leves fisgadas no coração ao o ouvir chamando Alice de “meu céu” em alemão.
-- Acho que vou dançar mais um pouco. – Disse a loira, bebendo mais um pouco de uísque e caminhando para o centro da pista.
Outro rapaz a abordou ali e entre uma conversa e outra acabaram dançando mais algumas músicas e Louise de tão alegre, não percebeu que o alemão ainda lhe lançava mais olhares para ela de modo disfarçado e sempre dando atenção a namorada.
Na saída elas pegaram um táxi e ainda conversaram sobre os acontecimentos até deixarem Louise em frente ao apartamento. Ela abriu a porta, rezando não encontrar Odile e Franz deitados no chão. Para sua sorte, não estavam ali. Ela foi para o seu quarto e notou o silêncio. Se atirou na cama e olhou pro teto. O gatinho Meia Noite entrou em seu quarto, miando e ficando entre as pernas de Louise.
-- Sua dona teve ter passado a noite fora. – Disse Louise, triste. – E nós dois ficamos pra trás... Droga! Não acredito que...
A primeira noite de insônia de Louise causada pela imagem do jogador Gerd Müller e ao que parece, ela não conseguia esquecê-lo. Não deu dez minutos e a porta do apartamento se abre, com Franz e Odile aos beijos e fechando de forma raivosa. Meia Noite deu um miado alto e correu até a dona.
-- ... Oh meu fofinho... – Dizia Odile, carregando o bichano pra cozinha e colocando um pouco de comida na tigela.
Depois disso ela ouve um choro vindo de um dos quarto. Foi-se até o quarto de Louise e a encontrou deitada, de roupa e sem as sandálias prateadas e chorando.
-- Que houve minha amiga? – Abraçando Louise.
-- Terminei com Hunt faz algum tempo e quando acho que posso ficar bem sozinha, me aparece outro cara... E ele tem namorada.
-- Mas quem é ele?
-- Lembra daquela jornalista que entrevistou Barry no mês passado?
-- Sim. Alice Stone. O que tem ela?
-- Bem...—Louise mal conseguia falar por conta das lágrimas. – O namorado dela é tão... incrível.
Odile não sabia bem o que fazer. Apenas permaneceu ao lado da amiga. Franz encontrou a amada no quarto e compreendeu bem. Ele dormiu no quarto de Odile e as duas amigas ficaram conversando até as quatro da madrugada e a amiga francesa retornou ao seu quarto. No café da manhã, Louise se trocou e se juntou ao casal na mesa.
-- Bom dia! – Saudou Odile, servindo o café na xícara de Louise. – Antes que me acuse, o café está ótimo.
Louise bebeu um pouco e em seguida olhou para o casal.
-- Posso dizer uma coisa?
-- O que?
-- Franz é um cara legal. E sabe por quê?
-- Porque o amo?
-- Também. Mas o fato dele ter ajudado a preparar o café, já é uma boa coisa. E está bom!
Os três acabaram rindo e a atriz galesa foi tomar banho, sem saber que Odile comentou com o namorado sobre a noite passada...

FLASHBACK OFF

Quando as visitas foram embora, Louise tomou banho rápido e foi para o quarto, ler um pouco. Aproveitando a ausência de Gerd, que estava na cozinha preparando algo para comer, ela acariciou o ventre diante do espelho. Desejou no fundo que fosse uma menina. Ao mesmo tempo temeu que quando a barriga crescesse, perderia sua diversão. A discoteca, beber, fumar, se divertir com os amigos, até mesmo aproveitar mais tempo de namoro com Gerd. Outro fator preocupante é que ela não pensou em como revelar a ele sobre a gravidez.

Pensou em algo criativo como num jogo da Bundesliga para caso o Bayern se sagrar campeão e ganhar a Salva de Prata. Ou até mesmo na Copa dos Campeões. Poderia também nos ensaios da peça “A Tempestade”, de Shakespeare. Ou no final da peça. Ou na aula de dança que ela freqüenta, onde em algumas ocasiões ela o ensinou a dançar e ali os dois liberaram o que há de melhor neles.

-- Estou ficando louca... Não consigo contar. – Comentou para si mesma em voz alta e em seguida fechou a boca com a mão. Para a sorte dela, Gerd não ouviu. Ele havia ligado o rádio e tocava mais um disco do Elton John.

--... So goodbye yellow brick road, Where the dogs of society howl. You can't plant me in your penthouse, I'm going back to my plough.

Louise observou o amado cantando Goodbye Yellow Brick Road, uma de suas músicas favoritas. E foi com essa música que eles dançaram certa vez, antes de ficarem juntos, ainda na época que Lulu rejeitava qualquer avanço. E agora ele cantava ali na cozinha, ao mesmo tempo dançava, bem empolgado. Louise se divertia vendo aquela cena e aproveitou rapidamente isso e foi pegar a câmera fotográfica alemã que ganhou de Odile. Fotografou Gerd em diversas formas e ainda cantando mais.

-- ... What do you think you'll do then? I bet that'll shoot down your plane. It'll take you a couple of vodka and tonics To set you on your feet again Maybe you'll get a replacement, There's plenty like me to be found. Mongrels, who ain't got a penny, Sniffing for tid-bits like you on the ground.

Quando parou de cantar, ele ouviu uns cliques conhecidos. Vindo de uma máquina fotográfica e ao se virar, encontra Louise, ainda tirando fotos.

-- Ursinha! – Ele correu até o quarto, onde Louise subiu na cama e ainda continuou a fotografar.

-- Você fica tão lindo cantando. E mais ainda mostrando talento pro seu “público”.

-- Diga que não me viu... daquele jeito? – Ele mal conseguia se conter de risos.

-- Vi tudo. E o que tem de mais? – Deixando a câmera no criado mudo e puxando o namorado pra perto. – Gosto de ter ver assim. Bem diferente do cara fechadão e travado que conheci.

-- Hey! – Beliscou o braço dela. – Não sou fechado! Sou sério!

Gerd agarrou Louise pelas pernas e a deitou na cama, onde trocaram mais caricias e conversas.

-- Hã... Ursinha, não está esquecendo-se de algo? – Questionou ele, passando as mãos sob os joelhos dela.

-- Não que eu saiba.

-- Está me devendo algo. Você queria me falar alguma coisa e os “gatos” loucos nos interromperam.

-- Ah sim... – Ela se sentou na cama e pegou a mão dele. – Eu vou contar. Gerd, eu estou...

Neste momento o telefone toca e Gerd atende. Louise outra vez se lamentou por não conseguir falar da gravidez para ele.

-- Ursinha, vista-se rápido! – Falou o jogador, muito apressado e se vestindo. – O seu amigo Python ligou, avisando que Alice entrou em trabalho de parto. O bebê vai nascer!

De modo rápido, os dois embarcaram no carro do jogador e seguiram para o hospital central, encontrando no corredor do quarto a turma do Monty Python conversando com Michael Palin, Jim Stone, Farrah Fawcett e o pequeno Edgar e também a melhor amiga de Alice, Belle Blue e seu marido Bobby Charlton e suas filhas.

-- Louise! – Jim logo abraçou Louise, para o desagrado de Gerd. – Minha irmã... estou preocupado.

-- Tenha calma. Vai dar tudo certo.

Ela olhou para seus amigos Pythons.

-- Palin está mesmo nervoso. – Disse Terry Gilliam.

-- Estamos falando com ele, mas sabe como é? – John Cleese tentava fala com seu amigo.

-- Onde está Graham?

-- Ele... ficou em Londres. Internado. – Respondeu Terry Jones.

Louise se calou em tristeza de seu amigo Graham Chapman. Havia algum tempo que notou que Graham não era o mesmo de antes. Sempre sorrindo, fazendo o pessoal rir com seu humor ácido, imitando o Rei Arthur e algumas pessoas. E agora ele estava no fundo do poço. A atriz começou a se sentir mal, causando preocupação para todos, inclusive Gerd.

-- Ursinha... – Ela olhou para o namorado e as imagens balançaram como se houvesse terremoto. – Louise, fale algo!

-- Ursinho...—Foi a única coisa que ela disse antes de desmaiar e sendo segurada por Gerd.

Tudo que Louise pode ouvir foram gritos de socorro por parte de Farrah e Edgar entrando em pânico. Os médicos imediatamente a levaram para outro quarto sob observação.

-- Tenha calma, minha filha... – Disse uma voz conhecida.

-- O que...? Quem é? – Ela se indagava mesmo com os olhos fechados.

Não ouve respostas e ela abriu os olhos. Era um quarto branco, vazio e uma luz muito forte lhe ofuscava. A sua frente estava ele. Seu pai, Anthony.

-- Papai?

-- Por que ainda não contou pra ele, Louise?

-- Estou com medo... – Respondia Louise, se levantando da cama e permanecendo sentada. – O que faço?

Ele caminhou até a filha e a abraçou carinhosamente.

-- Minha princesa, você sabe o que fazer, tudo dará certo, espere até o momento certo e conte a ele.

Louise chorou e ainda abraçou mais forte o pai. Desde que ele morreu em 71, não conseguia até hoje se conformar com sua morte. Lutou contra tudo para superar aquilo e a si mesma.

-- Papai... – Balbuciava. – Sinto sua falta.

-- Eu também, princesa... eu também.

Como se por mágica, ouviu outra pessoa lhe chamando, muito longe.

-- Volte para seus amigos e seu amado alemão. – Em seguida Tony desapareceu.

-- Pai... Pai...

Louise abriu os olhos e quase caiu da cama ao ver Gerd e Michael Palin no quarto.

-- Onde...

-- Calma, Louise. O doutor e a enfermeira te trouxeram aqui. Parece que foi queda de pressão. – Respondia Palin.

Imediatamente desatou a chorar e Gerd abraçou a amada, sem saber o motivo das lágrimas.

-- Ursinha, fica calma.

-- Amor, eu... sonhei com meu pai.

Gerd sabia da história toda e o quanto o pai de Louise era importante para ela e principalmente pelo fato dela não ter conseguido ainda se recuperar. Neste momento Palin conversou com o doutor e o conduziu para o quarto de Alice, deixando os ursinhos sozinhos e quietos.

--Pessoal! – Gritou Palin, abrindo a porta e assustando o casal. – Nasceu meu filho! EU SOU PAI DE UM MENINO!

No quarto, Alice ainda se recuperava das dores do parto e o mesmo tempo segurava seu filho, mostrando aos presentes. Edgar brincava com as mãozinhas do seu pequeno primo. Louise e Gerd entraram no quarto e viram o anjinho.
-- Veja! O pequeno bombardeiro nasceu!  -- Mostrou Alice e deixando Gerd e Louise segurarem o bebê.

O bebezinho sorria para eles e Louise como sempre, mostrava mais carinho e Gerd também. Ao mesmo tempo os dois sem saberem foram tomados por uma sensação estranha, porém boa. Talvez o sinal que ambos queriam. Louise ficava idealizando mais como será sua vida materna com o nascimento do seu filho e Gerd sonhava com o dia em ser pai. E de preferência, Louise sendo a mãe.

No outro dia, Alice ganhou alta por volta do meio dia e Louise e Gerd passaram o resto do dia com ela e Palin, seja conversando com o casal, seja cuidando do bebezinho. Cada vez mais Lulu sente um ímpeto materno de cuidar do anjinho como se fosse seu filho. Quando anoiteceu, voltaram para a casa e Louise foi tomar banho, sozinha, enquanto o namorado preparava o jantar. No banho ela chorava mais um pouco. Primeiro era não saber contar sobre sua gravidez e segundo pela aparição do pai, causando saudade e dor.

Sem ver quanto tempo havia se passado, ela ouve batidas na porta.

-- Ursinha! – Gerd se encontrava preocupado. – Está tudo bem?

-- Sim. – Disfarçou e voltou ao banho e desligando o chuveiro. – Exagerei no banho, só isso.

-- Ah tá... é que você está demorando. Me preocupei. Vem jantar!

-- Já vou!

Eles jantaram calmamente e na hora de dormir, Gerd colocou o braço envolto da cintura de Louise. Esta lia seu livro favorito, “Os Modernos Vampiros da Cidade” pela enésima vez. Não é a toa que ela identificou o personagem Visconde no namorado. Pelas características físicas e psicológicas. Ela também se identificou com outra personagem, a mocinha que faz par romântico com o Visconde. A mimadinha, a Lady Porquinha.

-- Durma, ursinha. – Disse Gerd, sonolento.

-- Não consigo dormir. – Ela guardou o livro na cômoda e voltou pra cama. – Ursinho, olha pra mim. Quero lhe falar algo.

Ele se acorda e ficando sentado na cama, segurando a mão dela.

-- Diga.

-- Gerd, eu estou...

Mais uma vez Louise não consegue contar por conta do telefone tocando. Perdendo a paciência, ela atende, impaciente.

-- Residência dos Müllers! Desculpa, mas o casal está ocupado demais pra recuperar o tempo perdido. Até amanhã! – Colocando o telefone de volta ao gancho.

-- Não precisava ser assim. – Ele riu.

-- Esquece isso, amor. Eu preciso contar que estou...

Outra vez o telefone emite o sinal de chamada.

-- AI QUE INFERNO! – Ela berrou e correndo até o aparelho, atende. – Alô?

-- Fraulein Louise? Aqui é Helmut Schön! Preciso falar com Gerd!

Neste momento, Lulu tenta segurar seu riso e ao mesmo tempo se envergonhou por ter xingado o técnico da seleção alemã e olhando para o namorado, disse.

-- É pra você. O treinador Schön.

Durante a conversa, Louise não sabia se ria ou lamentava mais de angústia. Quando ele voltou pro quarto, a amada já o abraçou.

-- Por favor, ursinho, espero que depois da minha atitude, herr Schön não tenha te cortado da seleção.

-- Calma, ursinha! – Ele deitou na cama e ainda abraçou Louise. – Não aconteceu isso. Expliquei pra ele a situação e a verdade é que fui convocado. Amistosos contra Itália em setembro.

Louise não deixou de suspirar aliviada por conta disso.

-- Ainda bem... acho que podemos dormir...

-- Não quer me contar aquilo?

-- Melhor não arriscar. Vai que toca de novo o telefone ou a campainha. Prefiro dormir.

Novamente eles tentam dormir. Sem sucesso.

-- Darei um xelim por um pensamento seu. – Comentou Lulu, sorrindo e acariciando o namorado.

-- Estou me lembrando no ano passado.
-- É sobre Alice?

-- Sim e não. Lembra de uma vez na discoteca, quando fui tentar abordar você?

-- Acho que sim. Ou não... Pode me ajudar a lembrar?

FLASHBACK ON

Na discoteca The Warren era mais agitação. Louise e suas amigas do teatro, Alberta Mann, Joanna Martin e Renée Chapelle retornaram ao seu local pra dançar. O motivo era para dar um pouco de alegria para Renée por conta dos dias em casa para se recuperar de um acidente: ela havia levado uma bola na cabeça, deixando a atriz francesa quase impossibilitada de atuar.

-- Graças a deus meu pescoço está bom, minha cabeça está perfeita e agora posso me agitar. – Dizia Renée.

-- Devia agradecer ao escocês pelas massagens maravilhosas, não é? – Joanna bebia um pouco de Martini ao lado de Louise.

--Ai pare com isso. – Ela ficou corada ao lembrar-se do jogador Denis Law, que sem dúvida a impressionou.

-- Me diga uma coisa, Lulu. – Alberta resolveu indagar a amiga sobre um assunto. – É verdade que anda... caidinha por um jogador de futebol?

-- Não! – Negou a galesa, bebendo todo o copo de Martini e pedindo mais. – Jogadores não são meu tipo.

-- Que mentirosa! – Berraram as atrizes.

-- É verdade! O último que olhei está com a namorada e é contra meus princípios!

-- Ah, que pena! – Lamentou Renée. – Pois ouvi falar que Gerd e Alice terminaram!

Ao ouvir a revelação, a atriz cospe a bebida e tossindo, ainda diz.

-- Como... assim? Renée me conte essa história direito.

-- Foi a Belle que me contou em detalhes. – Disse Renée, rindo. – Agora ele e Alice são amigos.

-- É uma ótima oportunidade, amiga! – Alberta abraçava Lulu. – Agarre aquele deus germânico.

-- NÃO! – Gritou Lulu, indignada. – Não é porque o Hunt me traiu e tive breve envolvimento com Jim Stone, ele pode ser minha salvação? Esquece! Não vou olhar pra Gerd Müller nem que ele fosse o Mr. Darcy!

Neste momento surge o jogador alemão, junto com Alice, agora sua confirmada amiga e ex-namorada.

-- Olá meninas! – Saudou a jornalista para todas e Lulu quase deixou o copo de Martini cair, mas se equilibrou.  – Tudo bem, Lulu?

-- Errr... acho que sim. – Respondeu, tentando se recompor e ainda mais diante do rapaz que a deixa atordoada.

-- Relaxem, a Louise é assim mesmo. – Dizia Renée. – Alice, agradece mais uma vez a Belle por cuidar de mim nestes dias que fiquei em casa por conta do acidente.

Outra vez a conversa das atrizes com Alice e Gerd rendeu risos e pequenas trocas de olhares entre o jogador e a atriz loira. Lulu bebia e evitava a todo o momento o contato com Gerd. Quando foi uma hora da madrugada, ela anuncia sua saída.

-- Meninas, estou cansada e levemente bêbada. Vou me despedindo de vocês.

-- Ah fica mais um pouco! – Implorava Alice. – Você é muito agradável, Lulu.

-- Adoraria, mas preciso voltar pra casa e dormir. Amanhã é sábado e prometi minha mãe uma visita. – Inventou Lulu. Na verdade ela queria ir embora para evitar Gerd.

-- Tudo bem. E tenta não cruzar seu caminho com do Ray. – Avisou Alberta. – Outro dia, Chris Skeleton me disse que o colega dele da policia andava irritado. Tudo isso porque você o rejeitou.

-- Não ligo. – Disse, um pouco indiferente. – Até mais meninas, até mais Alice e até mais Gerd!

-- Até mais!

Na saída, ela espera pelo táxi e sente frio por conta da madrugada. Neste momento alguém cede um blazer a ela, cobrindo suas costas e ao se virar, depara com a pessoa que vive povoando sua mente.

-- Obrigada. – Agradeceu, sem jeito. – Está frio, não é?

-- Bom mesmo para dormir... – Gerd olhava para as ruas e o pouco movimento. – Tem certeza que quer ir embora? Podemos dançar...

Louise percebeu que ele segurava seus dedos e amaciava-os, deixando a moça mais tímida.

-- Estou cansada... Preciso voltar pra casa. Quem sabe na próxima vez que vier no Warren, possa dançar... com você.

Neste momento, o táxi aparece e antes de embarcar, a atriz deposita um beijo no rosto do jogador.

-- Obrigada pela gentileza, herr Müller. Tenha uma boa noite.

Ele ficou ali até o táxi sumir de sua visão. Por enquanto ela escapara de suas mãos...

FLASHBACK OFF

-- Olha – Ela dava risada por se lembrar. – Se é sobre o blazer, eu guardei e posso te devolver.

-- Nem é por isso. – Ele também ria disso. – Só quero saber se realmente estava cansada ou era uma desculpa?

-- Sim, era uma desculpa. – Aconchegando nos braços dele. – Agora quero dormir. Boa noite, ursinho.

-- Boa noite, ursinha.


Ambos dormiram tranquilamente e no dia seguinte Gerd saiu e Louise ficou em casa. Enquanto arrumava suas roupas, ela tocava seu ventre e mais uma vez se lamentava em não ter contado para o amado sobre a gravidez. Ao mesmo tempo relembrou algo.

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