domingo, 4 de outubro de 2015

Every Breath You Take - Ato 1 (What If - Grindhouse - Parte 2)

Segunda parte (encerrando o ato 1 e em breve ato 2)

FLASHBACK ON

Era 1973 e por dois anos Lulu sofria por dois amores: o primeiro por Jim Stone, que terminou com ela devido as divergências entre eles. Jim queria que Lulu parasse de atuar para se dedicar a família, algo que a atriz não concordava. Ela queria sim formar uma família e cuidar de Edgar, contudo, não cogitava em largar sua carreira. O segundo amor era pelo jogador alemão. Mesmo sem Alice, Gerd se envolveu com outra mulher, chamada Irene Adler.

Quando Louise e seus amigos do teatro chegaram a discoteca The Warren, ela avistou o casal, bastante envolvido e aos beijos. E isso desagradou bastante Louise, que passou o resto da noite mau humorada. Apesar dos gracejos do elenco sobre sua situação amorosa, Louise não ligou e continuou a beber e observar o casal ao longe. Neste momento, não percebeu que alguém se sentou ao seu lado na mesa. Era Alice Stone, sua ex-cunhada e ex-namorada de Gerd.

-- Olá a todos! – Cumprimentou a jornalista.

-- Oi, Alice!

Na vez de Louise, ela percebeu a cara amarrada da atriz.

-- Está tudo bem? – Tocando a mão da amiga.

-- Estou sofrendo... de amor. – Bebendo mais um gole de Martini. – Me sinto dividida, Alice. Eu... me sinto mal.

-- Oh minha pequena... – Louise pousou a cabeça no ombro de Alice e esta a consolava.

Todos do teatro sabiam da relação de amor e amizade das duas galesas. Mesmo com fim do namoro com Jim, Louise e Alice se mantiveram unidas e ainda adquiriram um sentimento especial uma pela outra, muito além da amizade...

-- Não chora mais, amorzinho. Vamos dançar? – Alice sabia bem que a única forma de fazer sua amada loira se animar era a dança.

-- Sim! – Ela aceitou na hora e pegando a mão da galesa maior, foram para a pista, onde dançaram por muito tempo, com seus corpos colados e ainda sorrindo uma para a outra.

E sem saberem, eram observadas por Gerd e Irene, que estavam fascinados com as duas dançando daquela forma, provocante e sensual. Gerd praticamente não tirava os olhos na bela atriz loira. E Irene contemplava as duas. Por um momento, desejou cada uma delas em sua cama.

Ao fim da festa, Alice levou Louise para sua casa. Entre bebidas e conversas, elas se entregaram ao ato carnal e a paixão. Nos braços da amada, Louise enfim abriu seu coração.

-- Estou apaixonada há dois anos por um cara...

-- E quem é ele? – Perguntou Alice, afagando o cabelo loiro de Louise. – Pode me contar.

-- Gerd Müller.

Alice se surpreendeu. Desde o aniversário de Renée Chapelle na discoteca, percebeu uma parcela de ligação especial, surgindo em Gerd e Louise. Ali mesmo percebeu que os dois são feitos um para o outro...

-- E por que não disse a ele?

-- Acho que ainda amo Jim... Porém, a imagem do Gerd é mais forte. Ele me deixa...tão diferente. Ele me faz acreditar que posso mais. A força dele me motiva a seguir meu caminho...

-- Se está mesmo amando-o, invista neste romance. – Argumentava Alice, beijando o rosto de Louise. – Lute por ele!

-- Mas você não sente ciúmes?

-- Gerd sempre terá uma boa parte de mim.

No dia seguinte Louise ensaiou pouco na companhia de teatro, recebendo muitas reprovações de Barry Thompson e ainda seus colegas se preocupavam com ela.

-- Não está usando drogas, não é? – Renée suspeitava que a loira estivesse consumindo remédios ou até mesmo bebendo demais.

-- A última vez que usei drogas foi em 1969 e em Woodstock. Nunca vou me esquecer da “viagem” feita no ácido.

-- E bebidas?

-- Eu me controlo! – Respondeu Louise, irritada. – Estou perfeitamente bem. Só não estou num bom momento.

-- Ainda não acredito que é por causa do alemão! – Disse Joanna Martin, ouvindo a conversa. – Poxa vida, Lulu, esquece aquele cara! Você mesma disse que está confusa e quer ficar sozinha.

-- Mas não é tão simples!

Louise se retirou do camarim e ficou na janela, fumando durante seu intervalo, um ritual que costuma fazer para esquecer seus problemas. Porém, ela não conseguiu. E isso se seguiu por vários dias, até numa tarde, ainda ensaiando para a peça “Como Queiras”, onde interpreta Rosalinda, ela recebeu a visita de Alice.

-- Quem é sua personagem? – Perguntava a jornalista, sentada na cadeira de Barry.

-- Rosalinda. É da peça “Como Queiras”, do Shakespeare.

-- O que você está sentindo quando interpreta algum personagem?

-- Eu me ponho no lugar dele, reflito e as vezes lembro de coisas do passado... – Respondeu Louise, olhando para Alice. – No caso de Rosalinda, ela se disfarçou de homem e ensinou Orlando a como conquistar uma mulher de forma decente. Isso uma vez me aconteceu na adolescência. Me vesti de menino e ajudei um amigo do meu irmão a ganhar o coração de uma menina. Foi engraçado porque o garoto era gago e em compensação, a menina gostou dele.

Alice sorria e continuava a perguntar.

-- Como está sendo trabalhar com Barry novamente?

-- Sinto que desta vez estou saturada. – Ela se sentou junto da jornalista. – Nada contra ao Barry. Sou grata a ele.

-- Pretende fazer cinema ou só fará teatro?

Aquela pergunta era delicada para Louise. Amava as duas coisas acima de tudo. E naquele momento, ela precisava pôr na balança qual era sua prioridade.

-- Amo teatro. Cinema é o meu sonho desde criança. – Brilhando os olhos. – Só atuei uma vez para o cinema em 72 e depois na minissérie para TV, O Morro dos Ventos Uivantes. Quero voltar ao cinema e desta vez com mais freqüência.

-- Odile Greyhound, sua amiga, manifestou a idéia de começar a filmar seus próprios filmes,você pretende fazer o mesmo? Pretende atuar nos filmes dela?

Ao ouvir sobre a pretensão de Odile, a atriz sentiu um ânimo muito grande. Várias vezes dizia para a amiga tentar ser cineasta e que ainda seria a protagonista, se ela concordasse.

-- Óbvio que quero! – Tentou se controlar tamanha era sua alegria. – Alice, você não tem idéia o quanto quero!

As duas se abraçaram forte, e tomadas por um clima romântico, trocaram um pequeno beijo.

-- Quer tomar um chá comigo na minha casa?

-- Aceito!

Elas seguiram para o apartamento de Alice. Louise imediatamente se lembrou de Jim Stone e de algumas noites de amor onde ela e o galês ruivo dividiram momentos ardorosos por todos os cantos da casa, no qual resultou numa quase gravidez.

Tomaram chá e quando anoiteceu, Alice outra vez deteve a amiga.

-- Por favor, Lulu, fica pro jantar. – Puxando a atriz pelo braço.

-- Mas...

-- Ai que bom! Vamos cozinhar juntar?

Não deu em outra. As duas acabaram preparando um macarrão ao molho, a favorita das duas galesas. Após o jantar, retomaram a conversa até ouvirem batidas. Alice foi abrir a porta, recebendo a pessoa. Louise bebia um pouco de vinho no sofá.

-- Olá, McDreamy!

Ela o chamou de “McDreamy”?, pensou Louise, ao se lembrar que a única pessoa que Alice chamava por esse apelido... era o ex-namorado dela. Avistou os dois se beijando tão ardente.

-- Hã... vocês... voltaram? – Perguntou, chocada e tentando segurar a vontade de chorar.

-- Sim... Mas daquele jeito.

-- Então, vou me retirar e deixar vocês sozinhos! – Pegando a bolsa.

-- Ah não vai não! – Impedindo a amiga de sair. – Não preparamos o jantar a toa.

Gerd se juntou a elas no jantar e Louise não conseguiu comer mais. Olhava para o jogador e este dedicava atenção exclusiva para a jornalista. Adorava vê-los juntos e ao mesmo tempo o ciúme corrompia seu coração.

-- Eu vou ao banheiro. Com licença! – Avisando os dois e caminhando até o banheiro.

Trancou a porta e certificando que não há perigo de ser ouvida, derramou suas lágrimas e abafou os gemidos.

-- Por que faz isso comigo, Gerd?

Quase meia hora no banheiro trancada e Louise resolve lavar o rosto se acalmar. Saiu de fininho ali e encontrou o casal aos beijos e amassos no sofá. De novo sofre internamente contudo, segurou as lágrimas e caminhou até a poltrona para pegar a bolsa e Alice interrompe.

-- Olá, amorzinho! – Oferecendo uma taça de vinho. – Fiquei preocupada. Passou mal?

-- Foi pressão baixa. – Mentiu. – Como pode ver, meus olhos estão vermelhos. Foi alergia e lavei meu rosto.

-- Ainda bem que está bem. – Puxando a moça para perto também de Gerd no sofá. – Louise, queremos te fazer um convite. Quer participar do nosso ménage a trois?

A tal proposta pegou-a de surpresa a ponto de cuspir o vinho.

-- Como é? Fazer... sexo... com vocês?

-- Sim. Queremos fazer algo... diferente.

-- Mas por que eu? – Ainda incrédula com tudo. – Nunca fiz isso.
-- Relaxa, amiga. Eu gosto de você e Gerd te acha bonita. – Dizia Alice, sorrindo para os dois.

Louise trocou olhar com Gerd e depois com amada. Na verdade ela se sentia perdida e antes de falar, Alice rouba um beijo dela, muito sedutor.

-- Pequena, vem conosco...

Os três chegaram ao quarto e imediatamente, Alice retirava o vestido florido de Louise. Gerd observava atentamente cada movimento das duas e se sentiu realizado. Sempre desejou fazer amor com duas mulheres e justamente as duas galesas que ele mais amava. Lulu gemia com os toques de Alice e olhava para o alemão.

-- Ele só vai ficar observando? – Questionou para a outra.

-- Não por muito tempo. – Puxando o jogador.

Um pouco mais animada, Louise retirava as roupas de Gerd com a ajuda de Alice e deitando o rapaz na cama, as duas o encheram de beijos, chupões e carinhos em todas as partes do corpo, principalmente nas pernas dele.

-- Ai! – Ele gemia. – Meninas... assim não resisto!

Alice e Lulu arranhavam e massageavam as pernas de Gerd e depois já pronto, ele se revezou entre as duas. A noite foi realmente longa para eles.

Quando amanheceu, sentiu a cabeça doer e rodar como se tivesse ido à montanha russa. Ela viu os dois deitados na cama de casal. Gerd no meio, abraçando Alice com um braço e com o outro agarrava Louise. Ela se levantou com cuidado e sem acordar o casal. Se vestiu rápido e quando ia vestir a calcinha, olhou para Alice e resolveu deixar nas mãos dela e depositou um selinho.

-- Eu te amo, minha alma gêmea.

Olhou para Gerd e deixou um beijo no rosto e saiu do apartamento, muito realizada por fazer sexo a três. Chegando ao seu apartamento, aparentemente tudo vazio. O quarto de Odile não havia ninguém e ouviu pequenos gemidos no banheiro. Abriu a porta e deu de cara com sua amiga, fazendo amor com Günter Netzer, o jogador alemão que se declarou fã das duas, sobretudo de Odile.

-- LOUISE! – Os dois pararam o ato e desligaram o chuveiro.

-- Calma, gente. – Ela estava rindo do flagra dado.

-- Me desculpe, Louise... – Günter tentava se secar com a toalha pendurada e Louise trancou a porta, tirando sua roupa e se juntando aos dois.
-- Louise... – Odile mal terminou de falar e a amiga beijou a francesa.

-- Günter, sei que você gosta da minha amiga, mas não quer participar da nossa brincadeira?

A principio pensou que ela não estivesse falando sério mas ao ver as duas tão envolvidas... sentiu uma onda de prazer lhe tomando conta. Aceitou e os três não só se acertaram, também continuaram na cama. Ao fim da tarde, Günter se despediu das duas mulheres, satisfeito.

FLASHBACK OFF

Terminando as tarefas, Louise resolveu sair para visitar suas amigas no apartamento de Ana. Chegando lá, todas conversavam alegremente e tomando chá, ao mesmo tempo falando de seus amados.

-- Quero pedir desculpas por perturbar sua noite, Lulu. – Dizia Nora.

-- Tudo bem. – A atriz estava distraída e praticamente não prestava atenção.

-- Sinto falta do Johan... – Comentou Fefe, triste.

-- Quando ele vai voltar? – Indagou Ana, servindo mais chá.

-- Depois do casamento, eu acho.

Após a conversa, todas se voltaram para Louise.

-- Por que estão me olhando assim?

-- Queremos saber se contou pro Gerd sobre sua gravidez. – Disse Fefe, muito curiosa. – Contou pra ele?

-- Ainda não.

-- COMO ASSIM AINDA NÃO CONTOU? – A prima de Louise praticamente se levantou e explodiu de raiva. – FAZ QUINZE DIAS QUE A COPA TERMINOU E NÃO CONTOU PRA ELE?

-- Não é tão simples assim. – Louise se encontrava nervosa. – Eu tentei falar pra ele e de alguma maneira ou de outra algo me impede. Poxa... Eu tentei.

Felicity se acalmou e abraçou a prima.

-- Tudo bem. Eu peço desculpas por gritar assim, mas fico preocupada. E se ele desconfiar de algo?

-- Não vai não.

No outro dia se realizou o ensaio de casamento, onde todos os padrinhos estavam definidos. Embora se saindo bem com Jupp Kappelmann, Felicity estava visivelmente insatisfeita. Ela sentia falta de Johan e desejava que ele fosse o padrinho, algo que não foi concretizado. Ao fim disso, as mães e as meninas seguiram para a casa dos pais de Marie e Odile com as crianças. Durante o preparo do almoço, Louise passa mal e caminha discretamente até o banheiro.

-- Não... por favor, não agora! – Gemia a atriz, por conta dos enjôos.

Entrou no banheiro e vomitou tudo. Neste momento, Joseph, filho de Felicity, acabou abrindo a porta e vendo a cena. Em pânico, correu até a sala, gritando.

-- MÃE, A TIA LULU TÁ VOMITANDO NO BANHEIRO!!!

Imediatamente Fefe parou de cozinhar e correu até o banheiro, encontrando Louise ainda vomitando no vaso.

-- Louise, calma! – Segurando a prima para se equilibrar.

As mães se comentavam o que estava acontecendo e as garotas acabaram abrindo o jogo. Minutos depois ouviram a descarga sendo acionada e Louise saindo do banheiro com a ajuda de Felicity. Ela repousou na cama e neste momento Mary McGold, a mãe de Louise aparece.

-- O que aconteceu, filha?

-- Estou grávida do Gerd e ainda não disse pra ele. Descobri isso as vésperas da final da copa.  – Justificou Louise, um pouco fraca. – Não podia fazer isso com ele. Preferi esperar quando o jogo acabasse, independendo se ganhariam ou perderiam.

-- Acontece é que ele vai desconfiar. – Disse Sophie, a mãe de Felicity. – Se é que não desconfia.

-- Mãe, chega! A Lulu está fraca e estressada... – Felicity tentou defender a prima.

-- Melhor deixar as respostas de lado, Louise. Deve descansar. – Disse Serena, mãe de Marie e Odile, fazendo uma massagem terapêutica na jovem.

Não demorou muito para Louise adormecer na cama e as mães, filhas e netos voltarem para sala. Joey abraçou a mãe e a avó, chorando.

-- Mamãe, a tia Lulu vai morrer?

-- Não! – Acalmando o filho. – Ela não vai morrer.
Neste momento a campainha toca e Marie abre a porta, revelando sua amiga, Irene Adler e seu filho, Edgar. O menino é fruto do amor dela com Jim Stone, ex-namorado de Louise.

-- Marie! – Abraçou a amiga.

-- Irene, mon cherie! – Após o abraço, as duas trocaram um pequeno beijo, deixando as mães um pouco surpresas.

-- Aconteceu algo? Estão com cara de enterro.

Neste momento Felicity aparece, segurando seu filho, que parava de chorar.

-- Olá, Irene! – Cumprimentando a moça. – Na verdade minha prima Louise sentiu enjôos e passou mal. Agora ela está dormindo.

-- Ah sim. Espero que não seja nada grave. – Declarou Irene, mostrando preocupação com a prima mais jovem de Felicity e depois falando para o filho. – Ed, por que não vai brincar com Joey e Jim, enquanto a mamãe vai conversar com tia Marie?

O menino acompanhou os outros dois na brincadeira na outra parte da casa, onde estavam as mulheres. Quando viu as crianças brincando, Irene confessa para as duas.

-- Eu tive um caso com um brasileiro! – Disse, muito animada.

-- Minha nossa! – Se impressionou Marie. – Quem é o cara?

-- Roberto Rivelino, da seleção brasileira. Conheci poucos dias do Brasil jogar contra Holanda.

-- Que coincidência! – Disse Felicity, se lembrando do beijo de Johan. – Pois eu também conheci alguém no jogo da semi final e é um holandês. O nome dele é Johan Cruyff.

Enquanto isso no quarto, Louise se acorda e se levanta, caminhando na sala e encontra Irene. Imediatamente o mal estar invadiu seu corpo. Mesmo estando com Gerd, a atriz tinha ciúmes de Irene e ainda por cima, ela esteve com Jim no período que terminaram o namoro.  A fotógrafa francesa também possuía o mesmo pensamento em relação à Louise. A única rival que ela não tinha isso é Alice. Outra razão seria seu filho Edgar. O menino é muito afeiçoado a madrinha e por vezes ele gostava de passar um período na casa dela (por vezes um pouco extendido) e outro no da mãe ou com pai.

-- Olá, Louise! – Tentando disfarçar o ciúme. – Como vai você?

Como todos os galeses temperamentais, Lulu segurou a vontade violenta de jogar Irene da janela e principalmente temendo a raiva e decepção de Gerd.

-- Estou bem. – Respondeu, mostrando tranqüilidade, mas internamente sofrendo de fraqueza por conta do enjôo.

-- Madrinha! – Ao ver Louise, Edgar correu para abraçar Louise e esta retribuiu o carinho de forma espetacular.

-- Fofinho da madrinha! – Enchendo o menino de beijinhos no rosto. – Estava com saudades!

-- Madrinha, meu pai me levou para a Califórnia com a mamãe Farrah e foi tão legal. Conheci o Denis Wilson. Me ensinaram a surfar. E depois comi doces...

Louise adora crianças e ama quando Edgar conta suas novidades no mundo afora. Depois disso, os namorados das garotas apareceram. Irene sentiu seu coração bater ao reencontrar Gerd Müller, seu grande amor do passado.

-- Irene! Quanto tempo! – Abraçou a fotografa, para o desagrado visível de Louise.

-- Olá, Mr. Darcy! Digo, Gerd!

Ela está testando minha paciência, pensava Louise, suportando o ciúme e ouvindo Edgar.

-- Madrinha, quero brincar com você! – Pedia o menino.

-- Edgar, não faça isso! Lulu está cansada.  – Irene queria evitar que o filho deixasse a madrinha dele exausta.

-- Estou bem. – Sorriu. – Pelas crianças eu não nego nada.

-- Ah madrinha, sabia que minha mãe está saindo com um brasileiro? E ele joga futebol.

Gerd ficou um pouco chocado e o restante não agiu por saber da história toda. Enquanto Louise brincava com as crianças, Gerd e Irene conversaram a sós.

-- Está mesmo saindo com ele? – Questionou o jogador, curioso.

-- Sim. Ele me faz bem. – Sorriu Irene e em seguida sussurrou para Gerd. – Mr. Darcy, sempre serei sua Fraülein, mesmo você sendo o ursinho de pelúcia de alguém...e saiba que sempre verei você jogando, até por que você é o meu jogador favorito.

-- Obrigado, Irene. – Sorrindo e sem saber, Louise observou tudo.

A noite quando o casal de ursinhos retornou para a casa, Louise se trancou no banheiro e tomou um banho frio, no intuito de se acalmar. Na cama ela negou carinho.

-- Eu sei bem o que está pensando, ursinha.

-- Corrigindo: É Louise! Não ursinha! – Resmungou. – Eu ouvi tudo, sabia?  Ela te chamando de Mr. Darcy e tudo mais. Se não fosse meu carinho e consideração ao filho dela, eu juro que não me responsabilizo pelos meus atos!

-- Fica calma, Louise! – Abraçando a namorada e acariciando o rosto dela. – Não tem motivos para se sentir assim.

Houve um silêncio e quando Louise se deitou, Gerd continuou a falar.

-- Um ano depois que Edgar nasceu, seu irmão a abandonou, eu soube disso e fui vê-la, ela estava bem, o menino também, eu me preocupo com ela...da mesma forma que me preocupo com Alice.  Vou cuidar de vocês três até o fim da minha vida.

Mesmo com essas palavras, Louise não se convenceu e quando ele se preparava para mais um carinho na amada, ela negou outra vez e se virou para o outro lado da cama.

-- Boa noite, Gerhard!  -- E desligou o abajur.

O atacante sabia bem quando Louise o chamava assim. Sinal claro de aborrecimento. Não conseguiu dormir e Gerd pode ouvir pequenos suspiros da namorada. Ela chorava e então puxou o corpo dela para perto de si, abraçando-a por trás e dormindo de conchinha. Desta vez ela aceitou.

Faltando poucos dias para o casamento e Louise se sentia mais nervosa. Ainda não contara para o namorado sobre a gravidez. Decidiu escrever para seu amigo de infância, Davy Jones.


Munique, 15 de julho de 1974

Davy,

Cada dia que passa é uma agonia. A Copa do Mundo havia acabado faz algumas semanas. Sim, a seleção alemã Ocidental ganhou dos holandeses... Mas isso é outra história. Meu único problema é contar para o ursinho sobre minha gravidez. Minha barriga está crescendo um pouco e logo vai desconfiar. Antes que me questione, o filho é dele. O motivo para não ter contado é porque descobri isso em plena época da final. Dá pra imaginar o quão desastroso seria se eu contasse pra ele antes de entrar em campo?

E ainda pra piorar, lembra da tal Irene Adler, a amiga da Marie e Fefe e ex-namorada do Gerd? Ela voltou. Não deveria ser assim, mas, não consigo evitar sentir aquelas fisgadas de ciúme no coração. Você sabe como é isso, não é? Lembro uma vez de você ter me contado do seu ciúme pela Dianna quando a viu uma vez com Peter Noone... O jeito mesmo é agüentar não é, meu amigo?

Estou com saudades de você e da Dianna e principalmente das minhas afilhadas tão fofas e lindinhas. Por favor, Davy, como devo proceder?

Muitos abraços,

Lulu


Terminada a carta, Louise deixou no correio, registrada para o envio. Voltando para casa, ela se sentou no sofá, retirando os sapatos. Antes de se livrar das roupas, a campainha toca. Achando se tratar do seu irmão, Mickey ou alguma das garotas, ela abre a porta e se surpreende.

-- O que faz aqui? – Perguntou Louise, espantada.

-- Eu... vim falar com você. – Disse Irene, com ar mais preocupante. – Podemos conversar?

-- Não! Eu quero que saia daqui! Se veio falar com Gerd, ele saiu mas pode encontrar na concentração do Bayern e se quiser, pode roubar pra você, eu não me importo!

-- Louise, eu...

-- Não adianta vir aqui tentar falar comigo! Eu não quero nada... – Louise calou-se devido às tonturas e Irene logo se deu conta que é verdade. – Vai embora!

Irene entrou na casa, mesmo contra a vontade dela.

-- Por que você apareceu? Pra estragar o meu namoro? – Louise tentava evitar não se derramar em lágrimas e sem querer deixou escapar seu segredo. -- E não deixar que eu conte ao Gerd que estou grávida.

-- Não estou aqui para acabar com o seu namoro, pelo contrário. Estou aqui pra ver você mesmo. – Irene demonstrava mesmo preocupação com a atriz. Não havia ciúme ou ressentimento. -- Depois do que eu vi na casa da Marie, acabei ficando preocupada com você. Não quero o Gerd, meu amor por ele já se esvaiu. Somos amigos só isso.
-- Acontece que ouvi toda a conversa. – Disse, ainda chorando e sentando no sofá. – Ouvi você chamando-o de Mr. Darcy e que ainda o ama. Não a culpo nem nada. Mas se ainda o ama e quer de volta, eu saio do caminho dele.

-- Louise. — Abraçou a loira, da mesma forma que abraça Marie. – Não tema mais nada. Eu o chamei assim por carinho. E admito que o amo, mas não da forma que você o ama. Edgar me falou ter visto você vomitando e ainda suas amigas e sua prima me contaram.

-- Eu tentei contar pra ele desde que a copa acabou e ainda não contei. De alguma forma ou de outra, o universo conspira contra mim. É como se não quisessem que eu conte, ainda.

-- Acho que você não tem que esperar um "momento certo", você tem que fazer como ele faz com os gols dele, ir direto ao ponto.

-- Mas como?

-- Aproveite o casamento. – Disse Irene, sorrindo e piscando o olho pra ela. – Louise, você é uma ótima mulher. É tão amável, distinta, apaixonante. E ainda tem espírito maternal. E...

Louise não havia entendido e ali mesmo Irene puxou o rosto da atriz e a beijou. Calmo e morno. O bastante para excitar as duas.

-- Sei que sua alma gêmea é a Alice. Ao menos, aceite esse beijo como prova de nossa... amizade.

-- Tudo bem. – Aceitando a nova amiga.

Depois de Irene ter ido embora, Louise reflete sobre a situação. Ela se encara no espelho por alguns segundos e fala:

-- Direto ao ponto. É tudo ou nada!

E veio o dia do casamento. Paul e Ana conseguiram concluir seu enlace matrimonial. As madrinhas e damas de honra se emocionaram, mais ainda Felicity, que tem mais sensibilidade.  Momentos depois a banda The Who toca para a primeira dança do casal. Antes disso, Louise correu para o banheiro e vomitou outra vez, sendo amparada por Felicity e depois voltando para perto do namorado. Ali mesmo começou. Reunindo toda coragem, Louise segurou a mão do amado. Este só prestava atenção na dança.

-- Eu preciso dizer uma coisa. – Pausando um pouco para respirar, ela continuou. – Eu estou grávida!

-- O que? – Gerd não conseguia ouvir.
-- Eu estou grávida!

-- Ursinha, não ouvi nada!

Perdendo a paciência, Louise resolveu ser mais insistente e a todo pulmão, gritou:

-- ESTOU ESPERANDO UM FILHO SEU, GERD MÜLLER!

A revelação foi tão alta que todos pararam para ver o casal de ursinhos. Os músicos também. Pete Townshend, ex-marido de Felicity, não perdeu a oportunidade de debochar da odiosa prima de sua ex-mulher.

-- Temos uma revelação aqui!

-- CALE-SE, PETE! OU SABERÁ DO MEU LADO RUIM! – Ameaçou Louise e em seguida se retirando.

Paul e Ana se encontravam espantados, principalmente a noiva, que reclamava.

-- Não é possível que não posso me casar sem que algo aconteça. – Referindo-se ao fato semelhante ocorrido no casamento com John Entwistle, o baixista e ex-marido de Ana. Nora havia revelado a Keith Moon que estava grávida. Este por sua vez, tamanha era sua felicidade que começou a liberar as “cherry bombs”, as bombinhas. Alexei, pai de Ana, começou a disparar com sua arma de fogo, achando se tratar de tiros.

Louise chora, sendo consolada pela prima, a mãe e as amigas. No outro lado, Franz e Gerd discutiam a respeito da verdade enquanto Paul e Uli tentavam acalmar os convidados.

-- Por que só me contou agora? – Gerd se encontrava transtornado. Como Louise pode revelar algo assim na frente de todos.

-- Não estava conseguindo contar, toda vez que eu tentava contar, algo me impedia e eu não queria que você descobrisse por outra pessoa! – Louise chorava demais.

Franz afastou o amigo de perto e ainda continuou.

-- Você... Sabia disso?

-- Odile me contou no dia que vencemos a Copa.

-- E por que não me contou? – Se exaltou o atacante.

– Agora se acalme! Neste momento você vai ter que sentar com ela e conversar sobre o assunto, como dois adultos civilizados!

Mesmo sob protestos, não teve outra escolha e resolveu tentar algo.

--Tive uma idéia – Disse Gerd – Mas preciso que você fale com um dos integrantes da banda!

Franz falou com Anastácia que falou com John Entwistle e depois de uma música, Gerd subiu ao palco e interrompe o show do Who.

-- Ai como esses alemães são abusados! – Suspirou Keith Moon – Além de roubarem nossas pequenas, ainda querem parar nosso show!

--Cala a boca, Keith! – disse John – O comunicado é importante!

-- Senhoras e senhores, desculpe interromper a música da banda em questão aqui. Mas preciso falar uma coisa.

As garotas voltaram à atenção para o palco e ficam mais surpreendidas por verem Gerd Müller discursando ali.

-- Algum tempo atrás, conheci uma garota, uma atriz. Mal a conheci pessoalmente e já me encantei por ela. E mais ainda quando a vi pela primeira vez. Eu sei que no começo foi... Bem estranho. Depois, fui conhecendo mais sobre ela e sei que não posso ficar sem você, Louise.

Gerd começou a caminhar em direção a amada, ainda carregando o microfone.

-- Me desculpe pela falta de atitude de minha parte. Fui pego de surpresa. Agora sou eu que quero falar. Louise McGold, quer casar comigo?

A atriz não sabia se chorava mais ou sorria. No fim ela teve mais emoções.

-- Alemão abusado, eu aceito! – Beijando-o na frente de todos e sendo ovacionados.

Ao final da festa, Ana jogou o buquê e Odile conseguiu pegar e ainda se despediram dos noivos. Na saída Gerd e Louise encontraram Felicity, acompanhada de Johan Cruyff.

-- É sério que a “Felícia” está com o holandês perdedor?

Louise tampou a boca do namorado, evitando que Felicity ouvisse, já que a prima odiava o fato de Gerd não conseguir pronunciar o nome dela.

-- Não o chame desta maneira! – Repreendeu Louise. – Se Fefe ou Johan ouvem o que disse...

  Era tarde demais, Felicity percebeu e mesmo assim gritou.

-- GERD, É “FELICITY” E NÃO “FELICIA”!

-- Tudo bem, “Felícia”. – Disse Gerd, ainda irritando a prima de Louise.

Mais enfurecida, Felicity pegou seu sapato salto alto e jogou contra o jogador, errando o alvo e ainda sendo segurada por Johan.

-- Eu vou matar você, seu alemão abusado! Fala Felícia mais uma vez que eu bato na sua cara!

Rapidamente o casal de ursinhos embarcou no carro e seguiram para a casa dele, ainda rindo da situação. Louise correu para o quarto, se livrando dos sapatos e se deitou na cama. O namorado se juntou a ela, afrouxando a gravata e tirando o terno e os sapatos.

-- Agora,você é toda minha,sem ninguém mais para atrapalhar. – Abraçando a amada por trás.

-- Serei sua ursinha pro resto de nossas vidas, meu amor, eu te amo tanto!

-- Espere! Ainda podemos nos amar, com você... grávida?

-- É claro! Mesmo que os médicos nos proíbam, não me importa. Não é porque estou esperando um bebê que vou ficar privada do sexo.

Trocaram mais um beijo e em questão de segundos ambos ficaram sem roupa e ainda trocavam caricias por todo corpo. Gerd a tocou gentilmente e Louise se retorcia de prazer.

-- Ursinho... ahhhh... – Gemia a mulher. – Por favor...

Ele entendeu o que ela queria. Desceu os beijos por todo o corpo dela, até chegar ali onde queria. Abriu as pernas dela, beijando mais a virilha e em seguida sugando levemente a intimidade quente de Louise.

A atriz gemeu alto e suspirava intenso. Viu estrelas com todo aquele prazer que seu namorado proporcionava. Louise retribuiu o prazer, massageando as pernas dele, que na visão de Louise e de Alice, eram o ponto fraco dele.

-- Ursinha... – Gerd arfava a medida que as mãos de Louise tocavam suas pernas. – É tão bom...

Ela tocou o membro dele e iniciou-se o sexo oral, deixando o jogador mais enlouquecido. Depois Louise permaneceu por cima dele, iniciando os movimentos, com o casal gemendo mais alto, Louise arranhando os braços de Gerd e o mesmo apertava os seios da amada.

Perto de atingirem o orgasmo, Louise abraçou Gerd e continuaram as estocadas.

-- Ursinho... eu... EU TE AMO! – Gritou Louise.

-- URSINHA! SEJA SÓ MINHA! EU TE AMO!

Poucos segundos depois exclamaram juntos por conta do clímax e adormeceram juntos.

A cidade toda iluminou por conta do sol, que apareceu depois de dias de chuva e nuvens. Louise acordou de súbito por conta dos enjôos, correu para o banheiro e colocou tudo pra fora. Ela tomou banho, escovou os dentes e voltou para o quarto, colocando um vestido simples e novamente olhando-se para o espelho. Neste momento, Gerd aparece, trazendo uma sacola.

-- Ursinha! – Retirando os presentes da sacola, mostrou a camiseta do time Bayern de Munique, tamanho pequena para uma criança e dois pares de sapatinhos de bebê, um vermelho e um branco. – Acabei de comprar para nosso filho.

-- Ursinho isso é lindo, mas e se vier uma menina? – Questionou Louise, por medo que suas previsões estejam certas, pois ela sentia que virá uma menina.

-- Daremos um jeito. – Respondeu, tranquilamente e puxando a amada para um beijo. – Se bem que eu sei que vai vir um menino.

Ele colocou a camisetinha na frente do ventre dela, já imaginando o filho nascido usando a roupa e os sapatinhos, em todos os jogos. Sim, será seu pequeno bávaro. Louise sorria. Sim, seu sonho de ser mãe se concretizou e ao lado do homem que tanto ama.  A vida deles só estava começando...




Continua no Ato 2

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